02/11/2007

Trecho do livro de Jayme Andrade

“Os católicos e protestantes seguem a doutrina de Santo Tomas de Aquino, que defendia a “fé” como uma opção exclusiva da vontade, sem interferência da “razão”, distinguindo-a da “dúvida” porque nesta há indecisão entre os dois conceitos opostos, e da “opinião” que é a aceitação de um juízo sem excluir totalmente outros, mas já aí com base em fatores racionais. Também a distingue da “certeza”, porque está assentada no conhecimento científico.

Na época atual já não é admissível a concepção aquiniana da fé, por ser evidente que:

“A fé depende da razão, pois quem crê deve ter uma razão para crer. A fé em Jesus é a aceitação dele como Messias e Salvador. Mas a aceitação não é só um ato de vontade, mas um ato de discernimento, portanto um ato de razão. Como posso aceitar isto e condenar aquilo, sem recorrer ao juízo, que é a função da razão?” (Herculano Pires, em “Revisão do Cristianismo”, pg. 89)

Aprendidos estes conceitos, vejamos como se processaria a “salvação pela fé”, no entendimento dos evangélicos: Um incrédulo ouve o sermão, sente-se tocado pela comovente mensagem do pregador e se torna um “convertido”, recebe Cristo no seu coração e acredita “nascido de novo”, salvo pela graça do Senhor, e purificado dos seus pecados pelo sangue do Cordeiro. Em seguida, filia-se a congregação dos fiéis através do batismo e passa, ao menos em teoria, a viver sua existência dentro dos preceitos do Evangelho, podendo tornar-se até um dos “mensageiros da palavra”, no afã de trazer outros pecadores aos braços do Salvador.

Longe de nós o intuito de parecer de alguma forma irreverente para com os nobres sentimentos dos nossos irmãos. Sabemos que agem movidos pela mais pura das intenções, cheios daquela fé que descrevemos acima como “convicção íntima inabalável”. Mas seja-nos lícito perguntar: É suficiente essa atitude tão simples para modificar uma vida e transformar substancialmente um caráter? Basta mesmo esse “pequeno passo” para o crente se credenciar a “comunhão dos santos” e ter assegurada a sua admissão a “eterna bem aventurança”? Então, por que só uns poucos, talvez os de espírito mais evoluído, permanecem realmente regenerados? A maioria ostenta um cristianismo de fachada, persistindo com os mesmos sentimentos íntimos de “homem velho”: egoísmo, desamor, intolerância, racismo, ausência de empatia e de fraternidade. Mesmo admitindo que os indivíduos se transformem, que efeitos tem produzido o Evangelho nos grupos sociais que se intitulam cristãos, tanto católicos como protestantes? Acaso o mundo foi transformado, após quase dois mil anos de catequese? Reinam paz e harmonia entre os povos cristãos? Foi implantado nos corações o ideal da solidariedade humana? Ou continuam os homens a digladiar-se, não raro trucidando os adversários em nome do próprio Cristo, como ocorreu nas “Cruzadas”, nos tribunais da “Santa Inquisição”, no massacre dos camponeses alemães (com o apoio do próprio Lutero), na matança dos huguenotes e nas lutas fratricidas dos nossos dias entre os cristãos irlandeses? Observe-se que o próprio Jesus preveniu: “Pelos frutos os conhecereis”... (Mat. 7:16)

Quem tiver olhos de ver e ouvidos de ouvir, por favor leia o Novo Testamento com os olhos bem abertos e a mente despida de preconceitos, e chegará fatalmente a conclusão de que Jesus não desceu a este mundo para fundar nenhuma religião, e sim para trazer a noção de uma vida futura e da sobrevivência da alma, de recompensas e punições segundo as obras que os seres humanos tenham praticado, enfim, veio apresentar aos homens um Deus de amor e misericórdia, muito diferente daquele Jeová rancoroso do Velho Testamento.”

1 comentários :

Miguel Díaz disse...

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