25/08/2007

Publicado pelo Centro de Memória e Documentação da UDV em 1989

Este livro é o primeiro documento oficial que o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal leva à difusão pública desde sua fundação, em 1961. E o faz com propósito da maior relevância: apresentar-se e prestar esclarecimentos às autoridades e à sociedade sobre seus fundamentos e objetivos, dentro do processo que se impôs de institucionalizar-se.

Os textos selecionados não têm qualquer intenção doutrinária. Visam tão-somente a fornecer informações históricas, jornalísticas e científicas, necessárias em face dos freqüentes equívocos difundidos a seu respeito pelos veículos de comunicação.

Esses equívocos explicam-se: é relativamente recente o contato da opinião pública nacional especialmente a do Centro-Sul, sua parcela mais influente com notícias referentes ao chá Hoasca. Assim, tende a assimilar, de boa fé, informações infundadas, veiculadas com crescente assiduidade. Confundem-se nomes de grupos religiosos, ao mesmo terrpo em que generalizam-se levianamente acusações de uso indevido do chá, bem como difundem-se inverdades doutrinárias.

A União do Vegetal, zelosa da verdade, da ordem e do fiel cumprimento da lei, julga seu dever contribuir para sanear esse quadro. Por essa razão, adotou sempre a prática de nada esconder. Em todos os momentos em que o noticiário impreciso gerou indagações por parte das autoridades e mesmo, ameaças de proibição do uso do chá a União do Vegetal tomou a iniciativa de prestar esclarecimentos e abrir-se a investigações.

Assim foi em 1985, quando o chá Hoasca foi incJdo na relação de substâncias consideradas tóxicas pela Divisão Nacional de Vigilância Sanitária (Dimeo), do Ministério da Saúde. Por iniciativa nossa, o Conselho Federal de Entorpecentes (Confen), do Ministério da Justiça, formou grupo multidsciplinar de trabalho para examinar o chá e suas propriedades. Após dois anos de exames, que incluiu visitas a nossos núcleos, a proibição foi revogada.

Em abril de 1989, diante de nova escalada de equívocos em torno da Hoasca, a União do Vegetal sugeriu à Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, através de seu presidente, deputado Raimundo Bezerra, a instalação de um grupo de estudos que debatesse os múltiplos aspectos que o uso do chá envolve. A idéia foi aceita, tendo como objetivo maior regulamentar restritivamente o uso do chá, através de apresentação de projeto de lei ao Congresso Nacional.

A União do Vegetal defende o uso ritualistico da Hoasca, sob a responsabilidade de um dirigente religioso (que, dentro de sua hierarquia, denomina de Mestre). Opõe-se categoricamente à comercialização da bebida, por entendê-la inadequada ao uso indiscriminado por parte de pessoas não-iniciadas. E ainda: é terminantemente contrária ao uso do chá associado a drogas de qualquer espécie.

Estamos certos de que a regulamentação da Hoasca, através do Congresso Nacional, é etapa fundamental para superar equívocos e desconfianças junto à opinião pública e permitir que a União do Vegetal exerça com maior eficiência o papel espiritual que lhe está reservado.

Este livro é peça importante nesse processo.

FUNDAMENTOS E OBJETIVOS

A etapa histórica que a humanidade vive, neste fim de milênio, caracteriza-se pelo pluralismo religioso. No Ocidente, o Cristianismo, sua matriz espiritual mais influente - originariamente uno e coeso -, apresenta-se hoje fragmentado através de numerosas seitas, que vão do catolicismo romano aos diversos ramos do protestantismo.

No Oriente, o quadro não é muito distinto. De certa forma, é até mais confuso, na medida em que, freqüentemente, esse pluralismo reveste-se de ânimo sectário e belicista e resulta em guerras de extermínio (é o caso, por exemplo, de alguns países árabes e da própria lndia).

Há, ainda, as seitas de origem africana, hoje espalhadas pelas três Américas (e com presença expressiva no Brasil) e as seitas espíritas de fundamentação kardecista, além das chamadas escolas iniciáticas (Maçonaria, Rosacruz, Teosof ia etc.). Todas apresentam-se como porta-vozes da Verdade, instrumentos para a salvação da humanidade.

Dentro desse ambiente, surge, no Brasil, o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal. Fundado em 22 de julho de 1961, em Porto Velho, Rondônia, possui hoje núcleos e adeptos em quase todas as capitais e cidades importantes do país ao todo, 40 núcleos e cerca de quatro mil sócios.

Não tem índole publicitária, nem é sociedade secreta. E tem posição clara sobre a questão religiosa: vê no pluralismo hoje dominante um estágio da caminhada espiritual da humanidade. Um estágio inevitável, mas a ser superado um dia.

Como os graus de evolução espiritual dos homens não são iguais - e, ao contrário, exibem ainda desníveis bem acentuados -, os canais de aproximação com Deus (isto é, as relïgiões) erão necessariamente diferenciados.

DOUTRINA

A União do Vegetal afirma que a Verdade é uma só - e um dia, pela evolução espiritual, toda a humanidade a Ela terá acesso. Nesse dia, conforme rezam as Escrituras, haverá um só Rebanho e um só Pastor. Até lá, no entanto, a pluralidade será a expressão dessa diversidade de compreensões.

Nesses termos, a União do Vegetal sustenta que todas as religiões que pregam a existência de um Ser Superior (Deus) e orientam seus adeptos na prática do Bem cumprem uma mesma e necessária missão espiritual, atendendo aos diversos graus de compreensão da humanidade.

A União do Vegetal professa os fundamentos do Cristianismo, resgatando-os em sua pureza e integridade originais, livres das distorções que lhes imprimiu, ao longo dos séculos, a mão humana. Os Evangelhos bíblicos do Novo Testamento fornecem parte dessa orientação, que moldou e inspirou o comportamento dos cristãos nos três primeiros séculos da atual Era - fase que corresponde ao período pré-institucional da Igreja Romana.

A partir daí, especialmente após os sete primeiros concílios (em Nicéia, em 325; em Constantinopla, em 381; em Efeso, em 431; em Calcedônia, em 451; e em Constantinopla, em 553 e em 680), outros interesses, de natureza secular, passaram a dividir a orientação da cúpula dirigente dos cristãos.

E também a partir do advento dos concílios que a via de transmissão da doutrina cristã deixa de ser oral por excelência e passa a ter como base a documentação eclesiástica - o chamado Magistério da Igreja.

REENCARNAÇÃO

A conseqüência mais grave desse fenômeno um subproduto da institucionalização do Cristianismo - foi o desvio doutrinário, que resultou na exclusão de pelo menos uma Verdade de Fé da doutrina de Jesus Cristo, fundamental para a perfeita compreensão do conceito de Justiça Divina: a reencarnação.

Até o segundo Concílio de Constantinopla, em 553, a reencarnação sofria contestações apenas verbais ou oficiosas de parte do clero.2 Não se ousava negá-la formairnente, embora desde o primeiro concílio (quando a tradição oral de transmissão da doutrina foi interrompida) a polêmica estivesse colocada.

Somente em 543, uma autoridade eclesiástica - o Patriarca Menas, de Constantinopla - redigiu e promulgou documento negando categoricamente a reencarnação. Esse documento seria plenamente endossado dez anos depois, no Concílio de Constantinopla, pelo Papa Vigilio e demais Patriarcas (Bispos).

O documento de Menas, dirigido aos monges do Egito, Palestina e Síria, seguidores do monge e teólogo Orígenes (185-254), mestre da famosa e conceituada Escota de Teologia de Aiexandria (Egito) - e que professava o cristianismo reencarnacionista -, apenas confirma a larga aceitação que aquela tese desfrutava dentro da lgreja.3

Em sua condenação, Menas alinha 15 anátemas (reprovações enérgicas que equivaliam à excomunhão) contra os fundamentos da reencarnação. O primeiro anátema resume os demais: “Se alguém crer na fabulosa preexistência das almas e na repudiáve! reabilitação das mesmas (que é geralmente associada àquela) seja anátema”.4

Tal veemência se explica: a afirmação da existência de um castigo eterno (Inferno) e de um castigo temporário (Purgatório), como instâncias post mortem - teses que se opõem aos fundamentos reencarnacionstas - dava ao clero poder político considerável no plano temporal. Afinal, os homens - do mais poderoso monarca ao mais humilde serviçal - que não seguissem rigidamente a orientação eclesiástica estariam sujeitos àqueles castigos.

A história ocidental - particularmente a européia - é pródiga em episódios que ilustram essa manipulação da fé no jogo do poder secular.

A reencarnação, quando Cristo esteve na Terra, fazia parte da tradição judaica, sob o nome de ressurreição. A única seita a recusá-la era a dos saduceus, para quem tudo acabava com a morte,5 Havia, nos demais ramos do judaísmo, a crença de que todo mal é conseqüência de um pecado.

Assim, no caso de um cego de nascença, se o pecado não fosse dos pais (como freqüentemente não era), era do próprio recém-nascido, em vida anterior.6 Na antiga idade, aliás, a tese reencarnacionista era de ampla aceitação - tanto peios filósofos gregos como pelos místicos orientais.

Cristo não a negou. Ao contrário, a confirmou e explicitamente. No Evangelho Segundo São Mateus (Cap. 11, vv. 11-15), ele diz:

Em verdade, vos digo que. entre os nascidos de mulher não surgiu nenhum maior que João o Batsta(...) E, se quiserem dar crédito, lie é o Elias que deve Vir. Quem tem ouvidos ouça.

E ainda no mesmo Evangelho (Cap. 3, vv. 3-7):

“Os discípulos perguntaram-lhe Por que razão os escribas dizem que é preciso que Elias venha primeiro? Respondeu-lhes Jesus: Certamente. Elias terá de vir para restaurar tudo. Eu vos digo. porém que Elias já veio, mas não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem irá sofrer da parte deles: Então os discípulos entenderam que se referia a João Batista”.

As duas passagens não esgotam o repertório de exemplos7, mas, certamente, encerram as discussões. A reencarnação está na base de toda a fundamentação doutrinária cultuada pela União do Vegetal. Daí sua denominação de Centro Espírita. Segundo sua doutrina, é pela sucessão de encarnações que o espírito evolui, até atingir o grau máximo de Purificação ou Cura (que equivale à Santidade ou Sanidade).

As reencarnações são regidas pela Lei do Merecimento, que se assemelha à Lei do Karma, de que falam os orientais, cuja lógica é a clássica teoria da causa e efeito.

A doutrina da União do Vegetal é cristã porque sustenta que Jesus Cristo, Filho de Deus, é a expressão da Divindade e Sua Palavra aponta o caminho da Salvação para a humanidade. A União do Vegetal crê na Virgem Maria, Nossa Senhora Imaculada, mãe de Jesus. Trata-se de Verdades, cuja compreensão, ao contrário do que tradicionalmente se afirma, é acessível ao homem desde que, obviamente, atinja determinado grau de evolução espiritual.

PRINCÍPIOS

A União do Vegetal condena categoricarnente o uso de drogas, bebidas alcoólicas e demais vícios. Considera-os incompatíveis com a evolução espiritual. Orienta seus adeptos na observância às leis do país e no acatamento às autoridades constituídas, o que não os impede de exercerem soberanamente os direitos de cidacania.

O discípulo terá sempre, no exercício de seus direitos de cidadão, as leis da União do Vegetal como parâmetro de conduta moral.

No combate às drogas e aos vícios, a União do Vegetal está sempre ao lado das autoridades, dispondo-se mesmo a prestar o auxílio que estiver a seu alcance. A União do Vegetal defende a família como célula-matriz da sociedade! sem a qual não há ordem - e, por conseguinte, condições para o aperfeiçoamento espiritual da humanidade. Em diversos estados do país, a União do Vegetal, por serviços assistenciais prestados à coletividade, é reconhecida pelas autoridades como entidade de utilidade pública - o que explica o termo “Beneficente” que traz em seu nome.

O CHÁ HOASCA

Nas suas sessões ritualísticas, realizadas em seu templo, a União do Vegetal faz uso de um chá, de nome Hoasca, que é a união de dois vegetais: o cipó Mariri (Banisteriopsis caapi) e a folha Chacrona (Psychotria viridis). O chá é comprovadamente inofensivo à saúde - física e mental - conforme atestam não apenas os numerosos exames científicos, realizados no Brasil e no exterior, mas a própria saúde dos que o utilizam há décadas (ver mais detalhes na segunda parte deste trabalho, no Relatório do Centro de Estudos Médicos da União do Vegetal).

Há diversas organizações religiosas no Brasil que fazem uso do mesmo chá, A União do Vegetal, dentro dos princípios de respeito à pluralidade religiosa e à liberdade de culto (garantida pela Constituição brasileira), não cultiva atritos ou animosidades com quaisquer delas, embora considere nocivas e equivocadas inclusive do ponto de vista da superação dos mal-entendidos em relação ao chá - as que usem a Hoasca associada a drogas de qualquer espécie.

Opõe-se também, de maneira inflexível, à comercialização da bebida, por entendê-la inadequada ao uso indiscriminado por parte de pessoas não-iniciadas e sem a orientação de um dirigente religioso (que, em nossa hierarquia, denominamos mestre).

A União do Vegetal defende a regulamentação, por via de lei, do uso do chá, restringindo-o aos rituais religiosos, ministrados com a presença de um mestre. Entende que, somente assim, o chá deixará de ser alvo de controvérsias equivocadas, que o colocam freqüentemente no centro de noticiário sensacionalista, tendencioso e, inevitavelmente, mal-informado.

Dentro de seus objetivos religiosos, a União do Vegetal põe em primeiro plano sua Doutrina Cristã, por meio da qual trabalha pelo aperfeiçoamento espiritual da humanidade. O chá Hoasca é utilizado como instrumento de concentração mental. E, portanto, meio, veículo - não propriamente o fim de sua ação religiosa.

O chá facilita a interiorização mental, produzindo clareza de consciência e aguçando a percepção. Os efeitos f(sicos que produz proporcionam limpeza orgânica, resultando, ao final, em grande bem-estar.

ÊXTASE E LUCIDEZ

O efeito do chá pode ser comparado ao êxtase religioso, fartamente definido pela literatura sacra oriental e ocidental. Para chegar-se ao êxtase - um estado de lucidez contemplativa, que coloca a pessoa em contato direto com o plano espiritual - ensinam a história dos santos, a Bíblia e a tradição oriental, percorriam-se difíceis e variados caminhos.

O jejum, a castidade e a meditação solitária (em desertos ou locais afastados da comunidade) eram os processos mais utilizados. Havia também quem se mortificasse fisicamente - como, por exemplo, recomendava Santo ignácio de Loyola. 8 São Francisco de Saies sugere, para alcançar-se o êxtase:

“Se podes agúeritar o jejum, fazes muito bem em jejuar um pouco mais do que a igreja obriga, porque o jejum, além de elevar o espírito a Deus, reprime a sensualidade, facilita as virtudes e aumenta os merecimeritos”.9

O êxtase pois, longe de ser uma alienação, desfruta, na tradição religiosa de todo o Planeta, de sólida reputação. E o estado em que o homem percebe com mais clareza a realidade espiritual. São Gregório Magno (século VI), Papa citado por Santo Tomás de Aquïno (século XIII), define:

“Os homens contemplativos concentram-se em si mesmos quando prescrutam as cosas espirituais, separando-se totalmente das sombras das coisas corpóreas ou afastando-as com mãos discretas. Avidos de contemplar o lume incfrctinscrito, repelem todas as suas imagens fwiitas e, pelo esforço por se elevarem acima de si mesmos, triunfam da própria natureza”.10

No Oriente, os indianos praticam o que chamam de meditação transcendental Consiste numa técnica mental que leva a pessoa primeiramente a procurar colocar-se em estado de relaxamento ou de distensão interior. Nessas condições, a pessoa tenta esquecer todas as realidades sensíveis e esvaziar a mente de todas as imagens materiais que habitualmente a distraem.

Cria-se, assim, um estado de percepção vazia, que acarreta a cessação de emoções, sentimentos e afetos. Em conseqüência, a pessoa aprofunda-se em sua consciência, o que lhe permite descobrir a realidade mais intima de seu próprio ser (Samadhi).

Nos sucessivos níveis de profundidade da mente, dizem os indianos, o indivíduo torna-se sempre mais consciente de sua natureza divina. Esse estado final é, por eles, denominado de “pura percepção”

Descreve o Bhagavad-Gitã, livro sagrado da Índia:

“Excluindo todos os objetos externos dos sentidos, mantendo os olhos e visão concentrados entre as duas sobrancelhas, suspendendo os alentos que entram e saem das narinas, controlando, assim, a mente, sentidos e inteligência, o transcendentalista se liberta do desejo, do medo e da ira. Aquele que está sempre nesse estado certamente está liberado”.11

Carl Gustav Jung, o criador da Psicologia Analítica - e estudioso profundo da temática religiosa - observa que esse estado especial de consciência e religião são conceitos indissociáveis.

Diz ele:

“Religião - como diz o vocábulo latino religere - é uma acurada e conscienciosa observação daquilo que Rudolt Otto (in Das Heilige, 1917)12 acertadamente chamou de “numinoso” (...) O numinoso pode ser a propriedade de um objeto visível ou o intluxo de uma presença invisível, que produzem uma moditicação especial na consciência. Tal é pelo menos, a regra universal”

E ainda:

“Grande número de práticas rituais são executadas unicamente com a finalidade de provocar deliberadamente, o efeito numinoso, mediante certos artifícios mágicos, como, por exemplo, a invocação, a encantação, o sacrifício, a meditação, a prática do ioga, mortificações voluntárias de diversos tipos etc.”

Por fim:

“A verdade, porém, é que toda confissão religiosa, por um lado, se funda na experiência do numinoso, e, por outro, na pistis, fidelidade (lealdade), na fé e na confiança em relação a uma determinada experiência de caráter numinoso e na mudança de consciência que daí resulta.

Um dos exemplos mais frisantes, nesse sentido, é a conversão de São Paulo. Poderíamos, portanto, dizer que o termo ‘religião” designa a atitude particular de uma consciência transformada pela experiência do numinoso”.13

O chá Hoasca proporciona estados assemelhados e, freqüentemente, até mais intensos e prolongados de lucidez, concentração mental e percepção espiritual, sem exigir dos que o utilizam os mesmos sacrifícios e mortificações recomendados pelos ascetas religiosos do passado.

Não há nisso, porém, objetivo de vulgarizar a ascese religiosa. Apenas, nos dias de hoje, num mundo cada vez mais populoso, agitado e necessitando de auxílio e solidariedade entre as pessoas, os métodos clássicos de isolamento e busca do êxtase tornam-se extremamente complexos, muitas vezes inacessíveis e, mesmo, em algumas circunstâncias .(como para o homem urbano), de eficácia questionável.

Tal distanciamento do homem contemporâneo do êxtase religioso talvez explique o sentido materialista de que se reveste a civilização contemporânea 1 insensível, em grande escala, à questão espiritual.

A União do Vegetal considera o chá Hoasca uma dádiva de Deus, um instrumento para acelerar a caminhada evolutiva do homem, devolvendo espiritualidade a uma civilização inebriada pela lógica cientificista.

Mesmo assim, não vê o chá como um fim em si mesmo, mas como um veículo para uma caminhada que exige sacrifícios e renúncias e cuja base é a doutrina de fundamentação cristã, aprofundada pelos ensinamentos transmitidos por Mestre Gabriel.

O chá permite, dentro do uso ritualístico ministrado pela União do Vegetal, que o discípulo entre em contato com as vibrações do Plano Espiritual, com plena clareza de consciência - tudo, naturalmente, dentro dos limites da Lei do Merecimento. Há, inclusive, casos de pessoas que bebem o chá e sequer sentem os seus efeitos.

Há grupos religiosos que apregoam as virtudes curativas do chá. A União do Vegetal, nesse particular, tem postura sóbria. Sabe que a Deus nada é impossível, mas não pratica ou difunde ações curandeiristas. Usamos o chá, como já foi dito, como veículo de concentração mental, para buscar o acesso a um estado de consciência em que a compreensão dos fenômenos espirituais e metafísicos é mais nítida. O que se busca, através dos ensinos e da doutrinação reta, é a cura espiritual - isto é, a evolução.

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