27/09/2008


Bendito Louvado Seja São Cosmo e São Damião
Mestre Gabriel

 
Há relatos que atestam que São Cosmo e São Damião são originários da Arábia, de uma família nobre de pais cristãos, no século III. Seus nomes verdadeiros eram Acta e Passio.

Estudaram medicina na Síria e depois foram praticá-la em Egéia. Diziam "Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo seu poder".

Exerciam a medicina na Síria, em Egéia e na Ásia Menor, sem receber qualquer pagamento. Por isso, eram chamados de anargiros, ou seja, inimigos do dinheiro.

Cosme e Damião foram martirizados na Síria, porém é desconhecida a forma exata como morreram. Perseguidos por Diocleciano, foram trucidados e muitos fiéis transportaram seus corpos para Roma.

Foram sepultados no maior templo dedicado a eles, feito pelo Papa Félix IV (526-30), na Basílica no Fórum de Roma com as iniciais SS - Cosme e Damião.

Há várias versões para suas mortes, mas nenhuma comprovada por documentos históricos. Uma das fontes relata que eram dois irmãos, bons e caridosos, que realizavam milagres e por isso teriam sido amarrados e jogados em um despenhadeiro sob a acusação de feitiçaria e de serem inimigos dos deuses romanos.

Segundo outra versão, na primeira tentativa de matá-los, foram afogados, mas salvos por anjos. Na segunda, foram queimados, mas o fogo não lhes causou dano algum. Apedrejados na terceira vez, as pedras voltaram para trás, sem atingi-los. Por fim, morreram degolados.

Conta-se que eram sempre confiantes em Deus, que oravam e obtinham curas fantásticas. Também foram chamados de "santos pobres".

A partir do século V os milagres de cura atribuídos aos gêmeos fizeram com que passassem a ser considerados médicos. Mais tarde, foram escolhidos patronos dos cirurgiões.

Segundo a crença popular apareceram materializados depois de mortos, ajudando crianças que sofriam violências.

Ao gêmeo Acta é atribuído o milagre da levitação e ao gêmeo Passio a tranqüilidade da aceitação do seu martírio.

Na mitologia grega, há muito se cultuava esses santos, havendo registros, desde o século V, quando esse culto já estava estabilizado no Mediterrâneo, de cultos que relatam a existência, em seus cultos, de um óleo santo, atribuído a Cosme e Damião, e que tinha o poder de curar doenças e dar filhos às mulheres estéreis.

Alguns grupos concentram seus esforços para demonstrar que Cosme e Damião não existiram de fato, que eram apenas a versão cristã da lenda dos filhos gêmeos de Zeus, Castor e Pólux. Esta versão é combatida por aqueles que acreditam na real existência dos irmãos, embora a superstição que o povo tem muitas vezes faça supor que haja uma adaptação do costume pagão.

O dia de São Cosme e Damião é celebrado também pelo Candomblé, Batuque, Xangô do Nordeste, Xambá e pelos centros de Umbanda onde são associados aos ibejis, gêmeos amigos das crianças que teriam a capacidade de agilizar qualquer pedido que lhes fosse feito em troca de doces e guloseimas. O nome Cosme significa "o enfeitado" e Damião, "o popular".

Estas religiões os celebram no dia 27 de setembro, enfeitando seus templos com bandeirolas e alegres desenhos, tendo-se o costume de dar às crianças doces e brinquedos.
Oração a São Cosme e São Damião

O" São Cosme e São Damião! Por amor a Deus e ao próximo,
consagrastes a vida no cuidado do corpo e alma dos doentes,
Abençoai os médicos e farmacêuticos. Alcançai a saúde para
o nosso corpo. Fortalecei a nossa vida. Curai o nosso pensamento
de toda maldade. A vossa inocência e simplicidade ajudem todas
as crianças a terem muita bondade umas com as outras.
Fazei que elas conservem sempre a consciência tranquila. Com a
vossa proteção, conservai o meu coração sempre simples e sincero.
Fazei que eu lembre com frequência estas palavras de Jesus:
 `Deixar vir a mim as criancinhas,porque delas é o Reino de Deus´.
São Cosme e São Damião, rogai por nós, por todas as crianças,
médicos, farmacêuticos, e enfermeiros."

26/09/2008

Ayahuasca é uma bebida feita de plantas amazônicas que vem sendo usada com propósitos de cura e de oráculo através dos séculos, ou quem sabe até dos milênios, tanto pelos índios xamãs como pelos mestiços do Brasil, do Peru, da Colômbia e do Equador. Ela é conhecida pelas diversas tribos por vários nomes, tais como caapi, natéma, mihi, e yagé. O termo Ayahuasca é originário da língua sul-americana Quéchua, língua que veio do dialeto Inca na conquista de Cusco: huasca significa "cipó" e aya significa "almas" ou "gente morta", ou até mesmo "espíritos". As expressões mais apropriadas para as traduções serão, portanto "cipó das almas" ou "cipó dos espíritos". Muitos médicos e psicólogos do Ocidente descobriram que estas substâncias podem levar o ser humano para uma dimensão espiritual de consciência, com experiências místicas, diferentes do misticismo religioso clássico.
Para Saber Mais Sobre a Ayahuasca

17/09/2008

Raimundo Irineu Serra, conhecido como Mestre Irineu, (São Vicente Ferrer, 15 de dezembro de 1892 — 6 de julho de 1971) foi o fundador de uma doutrina religiosa baseada no chá de nome ayahuasca ou Santo Daime associada à orações a diversas divindades, caracterizando um culto resultante do sincretismo de diversas religiões e crenças indígenas. africanas e européias. Essas doutrinas se consideram cristãs, as mais conhecidas são o Santo Daime e a União do Vegetal (UDV). Mestre Irineu é considerado santo por muitas dessas associações religiosas.
Era filho do ex-escravo Sancho Martino e Joana Assunção, chegou ao estado do Acre com vinte anos, negro de alta estatura, integrando o movimento migratório da extração do látex (seringal).
Em 1912 vai para Manaus, no Porto de Xapuri, onde reside por dois anos, indo trabalhar posteriormente nos seringais da Brasiléia durante três anos e, em seguida, em Sena Madureira, onde residiu por mais três anos. De volta a Rio Branco, foi para a Guarda territorial, até chegar ao posto de Cabo, e em seguida participou e passou, no concurso para integrar a Comissão de Limites entidade do Governo Federal, que delimitava as fronteiras entre Acre, Bolívia e Peru, órgão esse, comandado pelo Marechal Rondon. E foi o próprio Rondon, que nomeou Irineu a Tesoureiro da Tropa, um cargo de confiança. Posteriormente retornou à floresta, de volta ao seringal, conheceu aquele que tornou-se um grande amigo: Antonio Costa.

A doutrina da floresta

Foi por meio de Antônio Costa que Irineu foi apresentado ao xamã peruano de nome Pisango, que realizava trabalhos com um chá de nome ayahuasca. Não há muitos documentos que possam atestar a veracidade de muitos acontecimentos ligados a Raimundo Irineu Serra. Boa parte do conhecimento que se tem sobre a origem do Santo Daime e a vida de mestre Irineu foi passado por meio da tradição oral pelos mais antigos seguidores de sua doutrina. O relato que segue abaixo é contado por muitos seguidores de Raimundo Irineu, também foi registrado no livro "Nosso Senhor Aparecido na Floresta" escrito pelo Daimista Lúcio Mortimer.
"Conta-se que quando foi convidado para tomar o chá, Irineu pensou:
Bom eu vou tomar, se for coisa que me agrade, que me sirva, que dê nome ao homem, se for coisa de Deus, eu prometo levar para o meus amigos....
Participando da sessão, ao tomar a bebida, percebeu uma sensação diferente, um estremecimento interno, uma força estranha e viu um enorme brilho no local. Um dos participantes, evocou o demônio para ganhar dinheiro, mas, ao invés de Irineu ver demônios, como afirmavam os caboclos, ele só viu a cruz cristã de várias formas diferentes, uma cruz que percorreria o mundo inteiro. E percebeu, que a bebida o conectava com Deus. Ao terminar a sessão, que contava com 12 pessoas, Dom Pisango exclamou: 'Só Raimundo Irineu entendeu esse trabalho e é quem tem a condição de leva-lo para frente. O resto vive iludido e só pensa em dinheiro.' Ao amanhecer do dia Antonio fala a Irineu, sobre os componentes da bebida : um cipó e uma folha. No dia seguinte, quando Irineu trabalhava na extração do látex no seringal, viu os raios do Sol, iluminando um grosso cipó, que sentiu ser o mesmo da bebida. E, perto de um igarapé onde costumava tomar água, viu um arbusto com frutinhas vermelhas, igual ao descrito por Antonio. Ao leva-lo até os locais, constatou-se tratar das duas espécies vegetais mágicas : o cipó jagube e a folha chacrona. Ao aprender o preparo, combinou com Antonio, de juntos prepararem e tomarem a bebida, porém no dia marcado, Antonio não pode comparecer, e Irineu sozinho preparou três litros da bebida e a guardou para tomar junto com o amigo. Combinaram numa Lua Crescente, ambos tomaram e sentiram a força da manifestação vegetal acompanhada de visões. Antonio contou a Irineu, que na sua visão, apareceu-lhe uma Linda Senhora, chamada Clara. Disse a Irineu que ela o protegia, desde a sua saída do Maranhão. Após essa vivência, combinaram um novo encontro para a Lua Cheia, sábado seguinte. Nessa noite de Lua Cheia tomaram a bebida numa caneca grande. Irineu, após meia hora, sentiu náuseas e foi vomitar. Aliviado, olhou para a Lua Cheia, e a viu aproximar-se dele, com todo o seu brilho resplandecente e prateado. Dentro da Lua, viu uma Senhora, de beleza incomparável, sentada num trono, que lhe disse : 'Você está escolhido para uma importante missão, mas para isso deverá alimentar-se por oito dias apenas de mandioca cozida, sem sal, abster-se de sexo e álcool , para que nos encontremos novamente.' Após a dieta, ao tomar novamente a bebida, a visão da mulher apareceu novamente. Apresentou-se como a Rainha da Floresta, que Irineu compreendeu ser a própria Nossa Senhora da Conceição, a Padroeira da Doutrina Santo Daime, que lhe entregou o Império Juramidam, palavra explicada pelo Padrinho Sebastião como Jura = Deus e Midam = Filho. Foi assim, que em 1930 fundou a doutrina e tornou-se Mestre Irineu." O Sr. Luis Mendes, contemporâneo do Mestre Irineu, conta que numa das aparições da Rainha da Floresta, ela disse que lhe ensinaria a preparar uma série de garrafadas, para vários tipos de doenças, e o Mestre lhe suplicou : Mas, Minha Senhora ! Não dá para colocar os poderes de cura das ervas juntos nessa bebida ? Por essa razão, seus seguidores acreditam que a bebida possa fazer curas espirituais e físicas naqueles que a ingerir. Alguns anos depois, Raimundo Irineu Serra foi para a cidade de Rio Branco, onde começou a trabalhar com um pequeno círculo de discípulos. A fama de curador do Mestre Irineu, espalhou-se pela cidade do Rio Branco, era procurado por pessoas das mais diversas condições sociais e culturais. Foi filiado ao Centro da Comunhão do Pensamento, onde recebeu honrarias, e também filiado à antiga Rosa Mística Rosacruz. Por fim, Mestre Irineu instalou-se, definitivamente, com sua família e um grupo de seguidores na localidade denominada Alto Santo, onde trabalhou até falecer, ou "fazer sua passagem", como costumam dizer seus seguidores, em 6 de julho de 1971. Para os seguidores das diversas linhas do Santo Daime, Mestre Irineu ainda realiza curas, pois deixou suas mensagens canalizadas através de um conjunto de hinos (hinário) os quais acredita-se que foram inspirados pela Rainha da Floresta e outros seres divinos. Essas músicas são consideradas "canções de poder" que transmitem com uma linguagem simples e poética cabocla, os ensinamentos bíblicos.

07/09/2008

(Matéria publicada no Correio Braziliense em 29 de agosto de 2001)


Carolina Nogueira Da equipe do Correio

Adeptos da União do Vegetal são pessoas comuns, que há 40 anos reúnem-se para beber uma mistura de chacrona e cipó de mariri em busca de luz, paz e amor.
 
Eles são médicos, jornalistas, diplomatas, estudantes, faxineiros. Jovens, velhos, adultos, crianças. Moram no Plano Piloto, em Sobradinho, em Taguatinga... No primeiro e no terceiro sábados do mês, juntam uma muda de roupa e se mudam para um sítio depois de Planaltina, chamado Centro Espírita da União do Vegetal (UDV). 

 A preparação da Hoasca faz parte do ritual da união do vegetal.
A bebida causa uma alteração na consciência, mas não provoca dependência



No meio de muitas plantas, bosques, árvores enormes, eles participam de um ritual que gira em torno do chá Hoasca. Feito de uma mistura das folhas da chacrona com o cipó do mariri amassado, o chá também é usado pelos adeptos do Santo Daime. A matéria-prima sai de lá mesmo. Sempre às 20h, uniformizados, os sócios da UDV sentam-se em cadeiras verdes, iguaizinhas, dispostas como em uma sala de aula, sob um galpão de ferro que fica no meio do bosque. São pouco mais de 100 na unidade central — o Distrito Federal tem mais de 300 adeptos, divididos em quatro unidades. Ao som de uma música suave, eles bebem o chá e, em seguida, em ‘‘outro nível de consciência’’, como dizem, recebem as pregações dos mestres.
Não há Bíblia, orações ou manuscritos. Só palavras, que pregam o desapego a vícios, a prática do bem, a busca da luz, da paz, do amor. Alguns passam mal por causa do chá, chegam a vomitar. A experiência é tida como natural pelos adeptos. As sessões duram quatro horas, mas as reuniões da União não se resumem a elas. Alguns sócios passam o final de semana nos centros. Além das sessões, meditam sozinhos. Conversam, ouvem música, relaxam, tocam violão. Preparam o chá, que só é bebido durante as sessões, cozinham comida — sempre natural. Almoçam, jantam, agem como uma grande família. E depois voltam para suas casas, para suas vidas absolutamente normais. É assim desde que a União do Vegetal nasceu, em Porto Velho, Rondônia, pelas mãos do mestre José Gabriel da Costa. A religião completa seu 40º aniversário esse ano, pregando, além da evolução pessoal, ideais ecológicos. Com princípios cristãos, a doutrina prega o uso do chá como um veículo para Deus. ‘‘Na religião católica, o padre faz a comunhão com a hóstia.
Na UDV, o Vegetal é a comunhão com o Deus consagrado’’, prega o mestre José Luiz de Oliveira, rondoniense que participou da criação da UDV e hoje é o mestre-geral da religião, uma espécie de papa. ‘‘É algo que nos transporta a outras dimensões. No espiritismo kardecista, dizem que outros espíritos baixam nas pessoas. Aqui é o contrário: o seu espírito é que sobe para Deus e depois volta’’, diz.
A ciência explica a seu modo. ‘‘É uma substância que provoca uma alteração na consciência, mas que não causa dependência, porque seu uso é controlado, por ser ritualístico’’, explica o médico psiquiatra Dartiu Xavier, da Escola Paulista de Medicina, que atualmente estuda os efeitos do chá em crianças e adolescentes. Segundo ele, as pessoas relatam visões quando tomam o chá — normalmente lembranças visíveis de seu passado — mas não experimentam alucinações que se confundam com a realidade. ‘‘Há também uma irritação estomacal, que é o que provoca os vômitos’’, explica o médico.

Mestre José Luiz: ‘‘comunhão com o deus consagrado’’


O chá é permitido legalmente — o mariri e a chacrona não estão na lista das substâncias consideradas psicotrópicas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária — mas especialistas condenam seu uso contínuo, especialmente em crianças, alegando danos mentais decorrentes do poder de alteração de consciência das plantas. Recentemente, o Conselho Nacional Anti-Drogas voltou a encomendar estudos sobre substância. A União do Vegetal quer garantir a continuidade do uso legal da planta. Conta, para isso, com o empenho dos mais de 7 mil associados no país. Uns anônimos, outros nem tanto.
Wolney Queiroz 28 anos, deputado federal
De segunda a sexta-feira, ele pode ser encontrado engravatado pelos tapetes verdes da Câmara dos Deputados. Mas nos finais de semana, o deputado federal do PDT pernambucano Wolney Queiroz tira o terno, se veste de simplicidade e refugia-se na chácara da União do Vegetal. Toma o chá Hoasca, medita. Transforma e lapida seu interior, como ele diz. ‘‘Na Câmara, falo pouco sobre isso com os outros, embora esteja fazendo um trabalho pela legalização definitiva do chá’’, explica. Hoje em segundo mandato, o deputado conheceu a União quando tinha 15 anos, em Recife (PE). Criou a unidade da UDV em Caruaru (PE), sua cidade natal, onde ainda freqüenta as sessões, aos finais de semana. ‘‘Não separo minha vida parlamentar da minha vida na União. O que vivo aqui está por trás de todas as atividades do meu dia-a-dia’’, afirma.
Magali Ferreira do Nascimento35 anos, dona-de-casa
Com as mãos ágeis, Magali vai limpando as folhinhas da chacrona que vão virar chá. Está acostumada a mexer com comida, limpando, fervendo, cozinhando. É dona de casa, foi doméstica por muitos anos. Separou-se do marido e ficou só, cuidando dos quatro filhos. ‘‘Quase tudo na minha vida, hoje, é relacionado com a União. Eles me arranjam trabalhos, um dia de limpeza em algum lugar, e agora estão me empregando em um escritório’’, conta, animada. Moradora de Luziânia (GO), ela conheceu a União por um vizinho de sua mãe, que a levou para o centro pela primeira vez. ‘‘Eu ia para festas, bebia um pouco, queria bagunça. Aqui, tomei o chá, recebi orientação. Me senti em casa, entre amigos.’’
Rafael Almeida Mesquita 24 anos, estudante de Administração
Ele alerta logo: não é só estudante de Administração — é formando, termina o curso até o final do ano. Ainda com um sorriso de menino, Rafael fala com naturalidade da opção religiosa que fez na vida, para o jornal e para quem mais quiser saber. ‘‘Na faculdade, não costumo conversar a respeito da União. Eu não preciso ficar explicando isso para todo mundo. Mas se perguntarem, eu respondo sem problemas’’, assume o rapaz, que já nasceu dentro da UDV. ‘‘Passei a minha infância aqui, já convivia com isso tudo, apesar de não ter contato com a liturgia’’. O estudante, que passou três anos na Igreja Batista acompanhando uma namorada que teve, se converteu de vez no ano passado, quando começou a freqüentar o centro com regularidade. ‘‘Eu sou igual a qualquer outra pessoa de 24 anos: vou ao cinema, saio com meus amigos’’, explica. De diferente, a falta de vícios. Álcool e drogas não são tolerados pela União.

(Matéria publicada no Correio Braziliense em 29 de agosto de 2001)

Adeptos da União do Vegetal são pessoas comuns, que há 40 anos reúnem-se para beber uma mistura de chacrona e cipó de mariri em busca de luz, paz e amor  

tos: Carlos Moura
A preparação da Hoasca faz parte do ritual da união do vegetal. A bebida causa uma alteração na consciência, mas não provoca dependência
Mestre José Luiz: ‘‘comunhão com o deus consagrado’
Eles são médicos, jornalistas, diplomatas, estudantes, faxineiros. Jovens, velhos, adultos, crianças. Moram no Plano Piloto, em Sobradinho, em Taguatinga... No primeiro e no terceiro sábados do mês, juntam uma muda de roupa e se mudam para um sítio depois de Planaltina, chamado Centro Espírita da União do Vegetal (UDV).
No meio de muitas plantas, bosques, árvores enormes, eles participam de um ritual que gira em torno do chá Hoasca. Feito de uma mistura das folhas da chacrona com o cipó do mariri amassado, o chá também é usado pelos adeptos do Santo Daime. A matéria-prima sai de lá mesmo. Sempre às 20h, uniformizados, os sócios da UDV sentam-se em cadeiras verdes, iguaizinhas, dispostas como em uma sala de aula, sob um galpão de ferro que fica no meio do bosque. São pouco mais de 100 na unidade central — o Distrito Federal tem mais de 300 adeptos, divididos em quatro unidades. Ao som de uma música suave, eles bebem o chá e, em seguida, em ‘‘outro nível de consciência’’, como dizem, recebem as pregações dos mestres.
Não há Bíblia, orações ou manuscritos. Só palavras, que pregam o desapego a vícios, a prática do bem, a busca da luz, da paz, do amor. Alguns passam mal por causa do chá, chegam a vomitar. A experiência é tida como natural pelos adeptos. As sessões duram quatro horas, mas as reuniões da União não se resumem a elas. Alguns sócios passam o final de semana nos centros. Além das sessões, meditam sozinhos. Conversam, ouvem música, relaxam, tocam violão. Preparam o chá, que só é bebido durante as sessões, cozinham comida — sempre natural. Almoçam, jantam, agem como uma grande família. E depois voltam para suas casas, para suas vidas absolutamente normais. É assim desde que a União do Vegetal nasceu, em Porto Velho, Rondônia, pelas mãos do mestre José Gabriel da Costa. A religião completa seu 40º aniversário esse ano, pregando, além da evolução pessoal, ideais ecológicos. Com princípios cristãos, a doutrina prega o uso do chá como um veículo para Deus. ‘‘Na religião católica, o padre faz a comunhão com a hóstia.
Na UDV, o Vegetal é a comunhão com o Deus consagrado’’, prega o mestre José Luiz de Oliveira, rondoniense que participou da criação da UDV e hoje é o mestre-geral da religião, uma espécie de papa. ‘‘É algo que nos transporta a outras dimensões. No espiritismo kardecista, dizem que outros espíritos baixam nas pessoas. Aqui é o contrário: o seu espírito é que sobe para Deus e depois volta’’, diz.
A ciência explica a seu modo. ‘‘É uma substância que provoca uma alteração na consciência, mas que não causa dependência, porque seu uso é controlado, por ser ritualístico’’, explica o médico psiquiatra Dartiu Xavier, da Escola Paulista de Medicina, que atualmente estuda os efeitos do chá em crianças e adolescentes. Segundo ele, as pessoas relatam visões quando tomam o chá — normalmente lembranças visíveis de seu passado — mas não experimentam alucinações que se confundam com a realidade. ‘‘Há também uma irritação estomacal, que é o que provoca os vômitos’’, explica o médico.
O chá é permitido legalmente — o mariri e a chacrona não estão na lista das substâncias consideradas psicotrópicas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária — mas especialistas condenam seu uso contínuo, especialmente em crianças, alegando danos mentais decorrentes do poder de alteração de consciência das plantas. Recentemente, o Conselho Nacional Anti-Drogas voltou a encomendar estudos sobre substância. A União do Vegetal quer garantir a continuidade do uso legal da planta. Conta, para isso, com o empenho dos mais de 7 mil associados no país. Uns anônimos, outros nem tanto.
Wolney Queiroz 28 anos, deputado federal
De segunda a sexta-feira, ele pode ser encontrado engravatado pelos tapetes verdes da Câmara dos Deputados. Mas nos finais de semana, o deputado federal do PDT pernambucano Wolney Queiroz tira o terno, se veste de simplicidade e refugia-se na chácara da União do Vegetal. Toma o chá Hoasca, medita. Transforma e lapida seu interior, como ele diz. ‘‘Na Câmara, falo pouco sobre isso com os outros, embora esteja fazendo um trabalho pela legalização definitiva do chá’’, explica. Hoje em segundo mandato, o deputado conheceu a União quando tinha 15 anos, em Recife (PE). Criou a unidade da UDV em Caruaru (PE), sua cidade natal, onde ainda freqüenta as sessões, aos finais de semana. ‘‘Não separo minha vida parlamentar da minha vida na União. O que vivo aqui está por trás de todas as atividades do meu dia-a-dia’’, afirma.
Magali Ferreira do Nascimento35 anos, dona-de-casa
Com as mãos ágeis, Magali vai limpando as folhinhas da chacrona que vão virar chá. Está acostumada a mexer com comida, limpando, fervendo, cozinhando. É dona de casa, foi doméstica por muitos anos. Separou-se do marido e ficou só, cuidando dos quatro filhos. ‘‘Quase tudo na minha vida, hoje, é relacionado com a União. Eles me arranjam trabalhos, um dia de limpeza em algum lugar, e agora estão me empregando em um escritório’’, conta, animada. Moradora de Luziânia (GO), ela conheceu a União por um vizinho de sua mãe, que a levou para o centro pela primeira vez. ‘‘Eu ia para festas, bebia um pouco, queria bagunça. Aqui, tomei o chá, recebi orientação. Me senti em casa, entre amigos.’’
Rafael Almeida Mesquita 24 anos, estudante de Administração
Ele alerta logo: não é só estudante de Administração — é formando, termina o curso até o final do ano. Ainda com um sorriso de menino, Rafael fala com naturalidade da opção religiosa que fez na vida, para o jornal e para quem mais quiser saber. ‘‘Na faculdade, não costumo conversar a respeito da União. Eu não preciso ficar explicando isso para todo mundo. Mas se perguntarem, eu respondo sem problemas’’, assume o rapaz, que já nasceu dentro da UDV. ‘‘Passei a minha infância aqui, já convivia com isso tudo, apesar de não ter contato com a liturgia’’. O estudante, que passou três anos na Igreja Batista acompanhando uma namorada que teve, se converteu de vez no ano passado, quando começou a freqüentar o centro com regularidade. ‘‘Eu sou igual a qualquer outra pessoa de 24 anos: vou ao cinema, saio com meus amigos’’, explica. De diferente, a falta de vícios. Álcool e drogas não são tolerados pela União.

05/09/2008

Trecho do capítulo V do livro Porque Sou Espírita, de Américo Domingos:

"No livro de minha autoria, 'Razão e Dogma', Editora 'O Clarim', faço algumas considerações, reforçadas com textos bíblicos (pgs. 174 a 189)

1 - Desprezando a Reencarnação, as correntes religiosas dogmáticas pregam a existência de somente uma vida, sendo o Espírito criado no momento da fecundação ou conjugação, na união do espermatozóide com o óvulo. Porém, os textos bíblicos afirmam exatamente o contrário:

1.(1) 'O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito' (João 3:8)

'O Ser Espiritual não foi formado, no momento da fecundação, já que o versículo relata uma preexistência da qual desconhecemos a origem: 'não sabes donde vem, nem para onde vai'. Se o Espírito fosse criado no mesmo instante da formação do corpo físico, saberíamos de onde veio, já que em pleno cadinho materno teria origem.

1.(2) 'Antes que te formasse no ventre materno, te conheci...' (Jeremias 1:15)

Aqui está claríssima a afirmação de que o Espírito preexiste ao corpo de carne. Se Jeremias era conhecido, antes de ser gerado o seu corpo de carne, é perfeitamente justificável que tenha certamente tido uma existência pretérita. A continuação do texto não nos deixa dúvidas: 'Antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações'. Jeremias já era um ser superior (consagrado), tendo conquistado esse patamar da evolução, em vida passada. Portanto, o espírito, antes de reencarnar, era conhecido, recebendo a missão de ser um 'profeta às nações'. Acreditar que alguém possa ser criado perfeito fere todos os princípios da Divindade. Seria uma injustiça que, de forma nenhuma, seria praticada por um Ente Superior e Perfeito;

1.(3) 'Os filhos lutavam no ventre de Rebeca' (Gênesis 25:22).

A Bíblia afirma, sob a ótica do raciocínio dogmático de existir apenas uma vida, uma heresia. Admitir que os espíritos criados dentro do ventre da mulher de Isaque, já eram adversários, é duvidar da perfeição de Deus. É lógico que a adversidade teve sua causa em uma vida pretérita e reencarnaram juntos, visando uma possível reconciliação.

1(4) 'Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João' (João 1:6)

 Se foi enviado é porque já existia antes. Sabemos por intermédio do profeta Malaquias que Elias teria que voltar à arena física, antes de Jesus. Disse o Senhor: 'Eis que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos...' (Malaquias 4:5-6) Portanto, João Batista é uma personalidade, vivificada por um espírito que, em existência anterior, deu vida ao profeta Elias. Um ser espiritual que já vivia antes e foi enviado por Deus para uma grande missão, a de ser o precursor do Cristo.

 Inobstante a afirmação dos textos bíblicos, os partidários do dogmatismo ensinam que existe apenas uma vida física e que o espírito é criado no momento da fecundação. Em detrimento de muitos versículos das Escrituras, onde a verdade é inquestionada, citam infantilmente a passagem paulina, no livro dos Hebreus, onde está escrito: 'Aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disso, o juízo' (Hebreus 9:27).
'Grafo o texto propositalmente, desde que Paulo está referindo-se à personalidade, ao corpo que dá oportunidade de crescimento evolutivo à individualidade, o espírito imortal. É claro que a personalidade, constituída de água e minerais, tem uma existência limitada. O homem, personalidade terrena, está destinado à morte; contudo a Entidade Espiritual nunca fenece e reencarnará tantas vezes quantas se fizerem necessárias. Obviamente o homem morre uma só vez; porém, o Espírito, quando volve ao mundo físico, dando vida a uma personalidade, 'não sabe para onde vai, nem donde vem' (João 3:8). Após o decesso da vestimenta somática (a morte do homem) , a Individualidade Espiritual alça o vôo da libertação, sujeito contudo ao juízo que se processa nos refolhos mais íntimos do seu ser, muitas vezes assoberbado pelo remorso que parece lhe consumir como chamas ardentes de uma fornalha;

2 - Jesus ensinou a Doutrina da Reencarnação a um mestre fariseu. 'Na calada da noite, um membro do Sinedrium (Tribunal Supremo da Judéia) recebeu do Cristo o ensino palingenético: 'Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus' (João 3:3)
'Se o diálogo terminasse aqui, poderia considerar que o Mestre alude ao renascimento moral que pode ocorrer quando se segue os seus ensinamentos, o que é uma das metas a ser conquistada, através do 'nascer de novo'. Contudo, em continuação ao diálogo com Nicodemos, Jesus tenta explicá-lo dizendo: 'Em verdade, em verdade te digo. Quem não nascer da água e do espírito, não pode entrar no Reino de Deus' (João 3:5)
 O que é nascer da água? Na Cabala, doutrina secreta dos hebreus, a água era considerada a matéria primordial, o elemento frutificador. O próprio Gênesis, diz que 'O Espírito de Deus pairava por sobre as águas' (Gênesis 1:2). Portanto, a água representa o grande elemento gerador da vida física, sendo também o constituinte essencial de todas as células vivas. O embrião contém 95% de água e se encontra mergulhado nela (líquido amniótico). Em um indivíduo adulto a água constitui 70% do peso do indivíduo. O encontro do espermatozóide com o óvulo, origem de um corpo físico, ocorre em meio necessariamente líquido. A formação de um corpo físico é, então, resultante de outro corpo físico, ou seja, carne
gerando carne: 'O que é nascido da carne é carne'. 'Infantilmente, as religiões tradicionais aludem ao renascimento daágua do batismo, ignorando o diálogo eminentemente esotérico entre Cristo e Nicodemos, abrangendo grande e profunda sabedoria. Na realidade, a Reencarnação já era conhecida, no Oriente, há milênios antes da vinda do Mestre. Há 2500 anos AC, o livro 'Os Vedas' já continha referências à doutrina palingenética. 'Depois, Jesus afirmou ao fariseu: 'Não te maravilhes de eu te dizer: vos é necessário nascer de novo' (João 3:7)
Realmente, a palingênese explica com sensatez e lógica as adversidades do caminho e os golpes do destino.

3 - 'Os tropeços': mais uma vez a reencarnação ensinada por Jesus:
É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo' (Mateus 18:7)
'Sendo a Terra um planeta de provas e expiações, onde a criatura se situa numa faixa evolutiva de baixo grau, é claro que o escândalo se torne inevitável em nosso orbe. Contudo, o Mestre é enfático ao nos revelar que o causador do ato danoso terá de prestar contas a si mesmo e a Deus, porquanto tudo que fazemos de mal ou de bem a outrem, repercute em nós mesmos: 'mas ai do homem pelo qual vem o escândalo' (Lei de Causa e Efeito) 'Toda ação praticada gera uma reação'. O espírito, tendo o direito do uso de seu livre-arbítrio, tem também a responsabilidade pelos atos que praticar: 'A sementeira é livre; contudo, a colheita é obrigatória'. 'As desarmonias do presente são quase sempre reflexos de um passado em
erro e, através das vidas sucessivas, do 'nascer de novo', recebemos a oportunidade de reabilitação. Somente a doutrina da Reencarnação preenche o vazio de alguém que se encontra em sofrimento sem saber o porquê;
 Se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o, e lança-o para fora de ti: melhor é entrares na vida manco ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno'. 'Se um dos teus olhos te faz tropeçar, corta-o, e lança-o para fora de ti: melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos, do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo' (Mateus 18:8-9)
 Como explicar semelhante ensino do Mestre sem o conhecimento da Reencarnação? Não dá nem para começar.
 O Cristo alude à Lei de Causa e Efeito, de uma forma bem didática. Se lesamos a alguém, na realidade lesamos também a nós. Nossos corpos espirituais registram, numa plasticidade própria, o mal que causamos a outrem, sendo maculados, conforme a falta praticada por nós. Então, teremos que reencarnar ('entrar na vida'), materializando no corpo de carne as mazelas que trazemos repercutidas em nossos corpos espirituais. Daí a explicação sensata e lógica para as vicissitudes da vida ('nascer manco ou cego')
'Emmanuel, dinâmico benfeitor espiritual, através da abençoada mediunidade de Francisco Cândido Xavier, na obra 'Leis do Amor' (Editora LAKE) nos esclarece: 'Havendo o Espírito agido erradamente nesse ou naquele setor da experiência evolutiva, vinca o corpo espiritual com desequilíbrios ou distonias, que o predispõem à instalação de determinadas enfermidades conforme o órgão atingido'. Daí a explicação para a Teratologia, para as deficiências físicas e desequilíbrios
psicofísicos, que, sem a hermenêutica palingenésica, jamais seriam explicados e justificados.
'Pode também o Espírito, pelo 'amor que cobre multidão de erros', reencarnar sem lesões físicas, tendo a oportunidade de refazer o seu passado, impresso em lesões no corpo espiritual, através de obras benfazejas, volvendo ao mundo físico imbuído de obrar em tarefas assistenciais, amparando ao próximo, praticando a verdadeira fraternidade, como o samaritano da parábola, tão maravilhosamente explicada por Jesus.
'Falhando consideravelmente diante das provas e expiações, retorna ao Mundo Espiritual sofrendo o rigor da dor que já lhe afligia antes de reencarnar ('lançado no inferno de fogo') 'Os textos evangélicos, tendo como título 'Os tropeços', constituem insofismavelmente uma prova indiscutível da Reencarnação na Bíblia.

4 - 'Olha que já estás curado; não erreis mais, para que não te suceda coisa pior' (João 5:14)
'Jesus ao curar o paralítico, junto ao tanque de Betesda, afirma-lhe que sua deficiência é resultante do erro cometido por ele mesmo, confirmando que as distonias do presente são quase sempre conseqüências de um pretérito vivido em desarmonia
'Havia chegado a hora da libertação da expiação, do resgate do seu carma negativo. O ex-portador da deficiência física já estava preparado interiormente para se curar, não precisava mais do sofrimento depurador. As lesões vincadas em seu corpo espiritual foram erradicadas. 'Mais uma vez não há referência a uma origem do mal a nenhum Adão. O Mestre, dizendo 'não erres mais para que não te aconteça coisa pior', faz alusão a uma causa provinda do próprio espírito, certamente tendo o seu início em uma vida transata;

5- 'Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me' (Mateus 16:24)
'O Mestre, com esse ensinamento, vem reafirmar que não carrega ninguém no colo. Inclusive, nega a possibilidade da salvação através do seu sofrimento. 'O Cristo esclarece que devemos carregar a nossa própria cruz e, então, segui-lo. Contudo, Jesus ressalta que temos primeiramente de nos negar, isto é, retirar de nosso interior as paixões inferiores que nos
assenhoreiam. É claro que essa depuração muitas vezes é realizada através da dor, do sofrimento.
'Em uma existência física, é impossível realizar integralmente essa tarefa preconizada pelo Mestre. Através da reencarnação, teremos inúmeras oportunidades de nos preparar para o momento abençoado, quando já o estaremos seguindo.

6 - Falando de João Batista, disse o Mestre aos seus discípulos: 'Se quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça' (Mateus 11:14-15)
 Insofismável a presença da Reencarnação de Elias como João Batista. Inclusive, há uma profecia de Malaquias, em que está dito que Elias voltaria a Terra, com a missão de preparar o caminho de Jesus (Malaquias 4: 5-6). Exatamente foi João Batista, aquele que foi incumbido dessa missão.
'Digno de registro a passagem em que o pai do precursor, Zacarias, recebe a comunicação da Espiritualidade, a respeito do nascimento do seu filho. O mensageiro, chamado Gabriel ('Homem de Luz'), repete as palavras do profeta Malaquias, dizendo que João Batista virá 'no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos'
(Malaquias 4:5-6 e Lucas 1:13-17). Mais uma passagem bíblica provando a Reencarnação.
'Zacarias, após o nascimento do filho, incorporado por um santo espírito profetizou, isto é, falou como intermediário, como médium, clamando: 'Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhes os caminhos' (Lucas 1:76) 'Como já foi dito, pela boca de Malaquias, que é Elias quem precederia o Senhor, não existem mais dúvidas: o profeta do Antigo Testamento volveu ao mundo físico, reencarnando como filho de Zacarias, vivenciando
um novo corpo, chamado de João Batista. 'Alguns irmãos, contrários à palingênese, não aceitando a reencarnação
pelo motivo de ser combatida em suas dogmáticas religiões, afirmam ingenuamente que Elias ainda não voltou, já que 'o grande e terrível dia do Senhor' (Malaquias 3:1) é o último dia do Juízo Final. 'No entanto, o Cristo desmente essa pseudo-explicação afirmando: 'Eu, porém, vos declaro que Elias já veio e não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo o que quiseram' (Mateus 17:12). O evangelista logo após arremata, no versículo seguinte: 'Então os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João Batista'.
'E agora, José ? A reencarnação está claramente demonstrada nesses trechos de 'O Novo Testamento'. É uma verdade já conhecida, no oriente, há milênios antes da vinda de Jesus e o Mestre não deixou passar a oportunidade de ensinar aos seus discípulos a doutrina do 'nascer de novo'.
'Por que João Batista foi degolado?
'A resposta está contida em uma explicação, tendo por base a pluralidade das existências. Elias, no Monte Carmelo, provocou os sacerdotes de Baal e, sendo vitorioso no desafio, matou a todos ao fio de espada, no ribeiro de Quisom (Primeiro Livro de Reis, 18:40 19:1) Elias utilizou a espada como instrumento de justiça, empregando a violência. Pela Lei de Causa e Efeito, tão sabiamente ensinada pelo Cristo, sabemos que o Tesbita, ao tocar criminosamente nos sacerdotes
idólatras, assumiu um carma negativo.
'Disse Jesus: 'necessário vos é nascer de novo'. Logo, o espírito assassino, quando reencarnado como o Precursor, passou pelo mesmo sofrimento físico, ao ser decapitado também a espada. 'E vocês leitores amigos: 'Quereis reconhecer que João Batista é mesmo Elias que estava pra vir?' (Mateus 11:14).

(...)'. 'É muito edificante saber que a reencarnação é não só comprovada pela Ciência, como também tem alicerces bíblicos bem significativos. 'Muitas outras referências bíblicas, concernentes à reencarnação, poderiam ser comentadas e analisadas. Os discípulos tinham conhecimento da palingênese, desde que suas perguntas a Jesus traziam, com muita propriedade, fundamentos reencarnatórios. Nosso intento foi demonstrar a presença do fenômeno palingenético na Bíblia, procurando satisfazer a curiosidade de alguém ou ajudar a um perquiridor nas suas pesquisas, como também solapar o edifício dogmático da negação reencarnatória.

'É incrível que haja ainda alguém descrente da reencarnação. Contudo, até a nossa indignação é explicada pela doutrina das vidas sucessivas. Cada ser é um universo e se encontra sintonizado com determinada faixa vibratória. Os que aceitam a palingênese são aqueles que raciocinam, perscrutando as dessemelhanças da vida humana sob a ótica do amor, sabendo que não há favoritismo dentro do Universo, sendo o Espírito o artífice do seu crescimento e evolução. 'Uma só existência física é insuficiente para assenhorear-se do alfabeto cósmico e, principalmente, para elaborar as primeiras linhas da escrita do Universo.
'A reencarnação representa em todos os sentidos uma dádiva dos céus, sempre perdoando e dando oportunidades para a aquisição das experiências, em todo o transcurso da evolução. 'Agradeço aos leitores amigos a consideração, esperando ter sido útil para muitos irmãos necessitados do conhecimento da verdade que emana dos textos bíblicos, ainda não adulterados ou maculados pela Teologia Dogmática.
'No 'Livro dos Espíritos', na questão 625, encontramos: 'O tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e de modelo: Jesus. 'Conhecereis a verdade e ela vos libertará' (João 8:32).
Portanto, a reencarnação não é tese arbitrária e há fundamento objetivo em sua crença"

Capitulo II do livro Porque Sou Espirita, onde Américo Domingos Nunes Filho refuta as acusações de Dom Estevão Bittencourt a Doutrina Espirita:
Para a devida refutação das agressões do autor à Doutrina Espírita, comentarei de parágrafo em parágrafo as suas assertivas. Diz o religioso: - “Um dos fatores mais atraentes do Espiritismo é a aparente comunicação com 'os espíritos desencarnados', estes parecem acompanhar os vivos, consolando-os e orientando-os; é o que ocorre nos casos do copo falante, da psicografia, das casas mal-assombradas, etc.” O clérigo enquadra a comunicação espírita como “aparente”. Afirma que os espíritos desencarnados “parecem” acompanhar os vivos. Com essa afirmação gratuita, o prelado está negando os inúmeros fenômenos que aconteceram nos ambientes ligados à sua crença, como também os que se verificaram em terras do Oriente, segundo o relato do Antigo e Novo Testamentos. Desde os tempos primitivos o homem pode ver e ouvir os Espíritos. Os fenômenos de vidência e audiência atestam a presença de seres espirituais, confirmando a imortalidade.
No Antigo Testamento, o sacerdote Eli é observador de um fato mediúnico de grande significância. O profeta Samuel, ainda jovem, na sua primeira experiência paranormal, ouvia uma voz que pensava ser a de Eli, deitado próximo a ele. O sacerdote percebeu que Samuel estava sendo utilizado, como intermediário, captando mensagens do Plano Superior (Primeiro Livro de Samuel 3:1-14). Enquanto o exemplo anterior retrata um caso marcante de audiência, trago agora outros tipos de mediunidade, onde a vidência também é relacionada.
O protagonista foi Daniel, célebre profeta judaico da corte da Babilônia. Enquanto presenciava uma visão com “a aparência de um homem” (Daniel 8:15), ouviu a voz de um varão que estava as margens do rio Ulai, a qual gritou: “Gabriel, dá a entender a este a visão” (Daniel 8:16). Gabriel quer dizer “Homem da Luz”. Um Espírito situado em alto grau de evolução, apareceu a Daniel tão nitidamente que o deixou amedrontado (Daniel 8:17). O valoroso profeta, em outra circunstância, viu uma entidade de grande expressão, totalmente iluminada. Os homens que estavam com Daniel nada viram. Ouvindo a voz estrondosa, caiu sem sentidos, rosto em terra. (Daniel 10:5-9) Contestando, a priori, a ação inteligente dos habitantes do Mundo Espiritual junto aos seres terrenos, o padre vibra em consonância com as correntes espirituais inferiores que recusam a revelação divina, transmitida a Humanidade por Benfeitores Espirituais, através de inúmeros intermediários (médiuns ou profetas). No livro de Jó, há o relato de uma passagem bem significativa, provando, o que o eclesiástico nega, a presença insofismável da individualidade espiritual. Declara Jó: “Então, um espírito passou por diante de mim; fez me arrepiar os cabelos do meu corpo; parou ele, mas não lhe discerni a aparência; um vulto estava diante de meus olhos; houve silêncio, e ouvi uma voz” (Livro de Jó 4:15-16). Afirmando que a comunicação mediúnica não é real, o catolicismo, representado por um de seus sacerdotes, está anatematizando a própria Bíblia, denominada de “Sagrada” pela Igreja. Em Atos dos Apóstolos, um discípulo chamado Ananias, em Damasco, vê o Mestre Jesus e dialoga com ele. O Cristo lhe outorga a missão de procurar por Paulo, dizendo-lhe: “Vai, porque esta é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios...” (Capítulo 9, versículos 10 a 16). Conforme se observa, Ananias era um exímio médium vidente e audiente. Através de suas faculdades medianímicas, foi incumbido por Jesus para uma tarefa grandiosa. Entrando na casa onde se encontrava Saulo, apelidado de Tarso, impôs sobre ele as suas mãos e o “convertido de Damasco” tornou a ver. É possível constatar, também, em Ananias, a mediunidade de cura, retirando a cegueira de Saulo, através da aplicação de passes. Lendo a Bíblia, utilizando a ótica do bom senso, os textos passam a ser bem entendidos e a lógica aparece aos olhos do observador. O texto citado acima, parece até uma descrição dos fatos que acontecem dentro dos trabalhos práticos espíritas, onde a mediunidade recebe a devida atenção, já que seu exercício é, segundo relato religioso, “um dos fatores mais atraentes do Espiritismo”.
(...)
O Evangelho de Lucas revela a visão presenciada por Zacarias, no interior do santuário do templo, quando um Mensageiro Espiritual, chamado Gabriel, aparece ao ancião, comunicando-lhe a notícia alvissareira da encarnação de um grande missionário em seu lar, um filho, a quem seria chamado de João. A entidade relata a Zacarias a respeito da elevada posição hierárquica do Espírito a encarnar (Lucas 1:14-15), revelando-o como o profeta Elias que teria de voltar, segundo uma profecia de Malaquias. Inclusive, Gabriel repete a mesma frase, dita por Malaquias, quando alude à reencarnação de Elias: “E irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos” (Lucas 1:17 e Malaquias 4:5-6) O arauto angelical Gabriel, descrito como “homem” por Daniel (Daniel 9:12), é o mesmo ser desencarnado que aparece depois a Maria, anunciando-lhe o nascimento de Jesus. Mais uma vez, o fenômeno mediúnico se destaca nessas passagens evangélicas. Ignorá-lo, é desconhecer a verdade absoluta que emerge dos textos bíblicos. Não reconhecê-lo, corresponde a não aceitar como verdadeiro O Livro dos Espíritos. O reverendo Bittencourt, na trevosa ação de inútil ceifador do Espiritismo, está também demolindo os alicerces de sua própria crença, negando a própria “palavra de Deus”, a Bíblia, o “livro sagrado” do Clero. (...) Na Primeira Epístola de Pedro, Capítulo um, versículo onze, está inserida a comprovação de que os profetas serviram de intérpretes da Espiritualidade Superior: “O Espírito Jesus estava com os profetas”, como também a afirmação do Livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo sete, versículo cinqüenta e três: “Os profetas receberam a lei por ministério dos anjos” , ou seja, através de mensageiros espirituais. Os profetas eram, portanto, médiuns, dotados, principalmente, da mediunidade da Psicofonia ou Incorporação. (...) Quanto ao fato de espíritos inferiores, ainda não esclarecidos, poderem-se comunicar, é preciso esclarecer que nem sempre mediunismo é Doutrina Espírita. Os profitentes da 'Terceira Revelação Divina' seguem, com muita vigilância e atenção, o ensinamento de João: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus” (1a Epístola 4:1) Um único texto do Novo Testamento põe por terra a afirmação do clérigo de que não há comunicação de Espíritos. O ensinamento de João é bem claro: existem seres esclarecidos (provêm de Deus) e Seres Inferiores (não dêem crédito) (...)
Na realidade, o prelado, afirmando a heresia de que os desencarnados parecem acompanhar os vivos, está fornecendo um atestado de repúdio às letras bíblicas. Afinal, que estavam fazendo, em alto monte, os espíritos desencarnados, Elias e Moisés, materializados, acompanhando os 'vivos' que lá estavam, representados por Jesus, Pedro, Tiago e João?
(...)
A propósito, tenho ainda outras abordagens bíblicas, a serem digeridas por todos aqueles que negam a presença dos desencarnados, acompanhando os “vivos”:
1 - Após a transfiguração de Jesus e já aparecendo, materializados, dois grandes vultos do Antigo Testamento, Moisés e Elias, deveriam estar os apóstolos Pedro, Tiago e João bem acordados, e, sem dúvidas, tensos, devido a grande quantidade de adrenalina circulante em seus corpos. Contudo, para tristeza dos que negam o fenômeno mediúnico e para gáudio dos espíritas, o evangelista Lucas diz que “Pedro e seus companheiros achavam-se premidos de sono” (Lucas 9:32). Por que estavam adormecidos?
2 - No primeiro livro de Reis, há também uma descrição bem expressiva, em relação ao tema. O profeta Elias achava-se em fuga, porquanto estava jurado de morte pelo assassínio dos profetas de Baal. Depois de uma longa caminhada pelo deserto, assentou-se debaixo de um arbusto. “Deitou-se, e DORMIU debaixo do zimbro” (I Reis 19:5). Um mensageiro espiritual, materializado, toca-o e lhe diz: “Levanta-te e coma”. A sua frente, se encontravam, materializados, um pão cozido sobre pedras e uma botija de água. Após ter comido e bebido, voltou a dormir. Após algum tempo, ressurge novamente, materializado, o ser espiritual, tocando outra vez em Elias, mandando-lhe comer e beber. A seguir, ordenou-lhe a partida (I Reis 19:6-8)
Por que dou tanta importância ao fato de Elias estar adormecido, antes da chegada do espírito materializado?
3 - No livro dos Atos dos Apóstolos, encontra-se a informação de que Pedro se achava aprisionado à mando de Herodes, DORMINDO na prisão, entre dois soldados, acorrentado com duas candeias. Eis, porém, que surge uma entidade espiritual, materializada, e a cela apresenta-se totalmente iluminada. O ser extrafísico, tocando o lado de Pedro; o desperta e lhe diz: “Levanta-te depressa. Cinge-te, a calça as tuas sandálias. Põe a tua capa, e segue-me” (Atos 12:5-8). A seguir o Evangelista Lucas cita duas referências a Pedro que, “para os que não tem ouvidos para ouvir”, parecem ser enigmáticas: “Pedro não sabia o que era real, o que se fazia por meio do anjo ou mensageiro espiritual; parecia-lhe uma visão” (Atos 12:9). “Então, Pedro, caindo em si...” (Atos 12:11) Por que grifei Pedro dormindo no cárcere? Qual a explicação para as impressões vivenciadas pelo apóstolo já fora da cela?
4 - O fato a seguir ocorreu com Paulo e Silas, açoitados e presos. Os valorosos discípulos de Jesus se encontravam no cárcere, com os pés presos a um tronco. “Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus... de repente sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, soltaram-se as cadeias de todos” (Atos 16:23-26) No outro versículo, está uma afirmação assaz claríssima para o entendimento espírita: “O Carcereiro despertou do SONO” (Atos 16:27).
Por que mais uma vez foi ressaltado o fato de alguém estar dormindo? Por que os textos ressaltam alguém estar adormecido, num momento tão importante como o da materialização de Espíritos? Sem dúvida, a palavra autorizada do Consolador surge à nossa frente. O Mestre não nos deixou órfãos, já que a Revelação Espírita, com o beneplácito da ciência, vem esclarecer a todos a respeito da Ectoplasmia e responder as questões por mim formuladas. O Espiritismo ensina que tanto no fenômeno da Materialização, como no de Efeitos Físicos, há o aproveitamento de uma substância, eliminada por um médium, adormecido, denominada ectoplasma. Na materialização, o ser desencarnado se apresenta visível e tangível, devido a impregnação de sua vestimenta espiritual pelo ectoplasma, cedido por um sensitivo, acrescido dos que se formam dos participantes da reunião ou, até mesmo, da natureza. A produção de efeitos físicos é realizada, graças a uma condensação de ectoplasma, dando ensejo à produção de pancadas, ruídos, voz direta e sematologia. Tanto nos fenômenos de efeitos físicos, quanto na Materialização, há necessidade da presença de um médium que tenha a faculdade de liberar substância essencial à realização do fenômeno da ectoplasmia. O sensitivo recolhe-se a uma cabine escura onde se deita e, profundamente adormecido, exterioriza-se o ectoplasma por diversos orifícios do seu corpo, principalmente da boca e das narinas. (...) No “Monte da Transfiguração”, os apóstolos Pedro, Tiago e João serviram-se de médiuns, cedendo ectoplasma para a materialização de Moisés e Elias. Daí o fato de estarem “premidos de sono”. O fato acontecido com Pedro foi semelhante ao acontecido com Elias. Estava dormindo, em transe profundo, cedendo ectoplasma, proporcionando a aparição tangível de um Arauto Espiritual que, inclusive, toca em Pedro, acordando-o. Ao sair da prisão, o discípulo acompanhava o Espírito, pensando ter uma visão, isto é, acreditando-se fora do corpo físico, em desdobramento ou projeção da consciência. Estava realmente confuso, o que vem confirmar que estava acordando de um transe profundo. Essa hipótese é real, porquanto o apóstolo já sozinho, “caiu em si”, isto é, estava compreendendo o que se passava, achando-se “inteiramente lúcido” (Atos 12:11). Em relação a Paulo e Silas, curiosamente, era o carcereiro, o médium de ectoplasma. Daí o texto ser bem claro: “O carcereiro despertou do sono”. Para os que já têm 'OLHOS DE VER' e 'OUVIDOS DE OUVIR' é perfeitamente entendida a mensagem, um tanto enigmática da Bíblia, em que nos fenômenos de materialização e de efeitos físicos descreve-se sempre alguém adormecido. (...) O prelado cita os 'aparentes' fenômenos do 'copo falante', da psicografia e das casas mal-assombradas. A sematologia resume-se na movimentação de objetos mediante a ação dos espíritos sobre a matéria inerte. Talvez o padre desconheça que, na Bíblia, existe uma referência à prática da mediunidade do copo. É encontrada, no Livro de Gênesis, capítulo 44, versículo 5: o undécimo filho de Jacó e o mais velho de Raquel, José, personagem ilustre do Antigo Testamento, utilizou 'o copo, em que bebia, para fazer adivinhações'. Na Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille (SPLEB), tive a oportunidade de presenciar várias reuniões de Sematologia. Alguns parapsicólogos relatam que o fenômeno é causado pela ação do 'inconsciente dos sensitivos'. Pois bem, os médiuns que estavam em ação, movendo o copo, eram todos cegos, botando por terra as razões materialistas para o processo da Sematologia. Quanto a psicografia, há relatos e comprovações científicas abundantes dos trabalhos desempenhados por Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco, Mirabelli e muitos outros. Inclusive, mensagens celeremente escritas, no papel, em idioma estrangeiro não conhecido pelo médium. Algumas comunicações apresentando-se com as palavras dispostas de trás pra frente, podendo somente ser lidas ao espelho. Outras, sendo encerradas com a mesma assinatura que o 'morto' tinha em vida. Em relação ao fenômeno de 'Poltergeist', existem, amiúde, pesquisas científicas atestando a presença de espíritos do além agindo no ambiente, utilizando a energia ectoplasmática de um médium."
Capítulo VIII do mesmo livro:
"Agora, o sacerdote utiliza-se das armas das chamadas Escrituras Sagradas e da munição das leis mosaicas, para combater a Doutrina dos Espíritos, relatando o seguinte:
Para quem é cristão, o texto bíblico tem valor de guia fundamental. Ora, a Bíblia condena eloqüentemente a evocação dos mortos:
Lv 19, 31: “Não vos voltareis para os necromantes nem consultareis os adivinhos, pois eles vos contaminariam”
Lv 20, 6: “Aquele que recorrer aos necromantes e aos adivinhos para se prostituir com eles, voltar-me-ei contra esse homem e o exterminarei do meio do seu povo”.
Lv 20,27: “O homem ou a mulher que, entre vós, for necromante ou adivinho, será morto, será apedrejado, e o seu sangue cairá sobre ele ou ela.”
Dt 18,10-14: “Que em teu meio não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha, nem que faça presságio, oráculo, adivinhação ou magia, ou que pratique encantamentos, que interrogue espíritos ou adivinhos, ou ainda que evoque os mortos; pois quem pratica essas coisas e abominável a Javé... Eis que as nações que vais conquistar, ouvem oráculos e adivinhos. Quanto a ti, isso não te é permitido por Jave teu Deus”. (Ver ainda II Rs 17, 17; Is 8,19s)
Antes de abordar o assunto da suposta condenação da mediunidade, fico surpreso que de toda a Bíblia, contendo, em especial, os dignificantes ensinamentos do Novo Testamento, o sacerdote se socorra de alguns textos de Moisés, esquecendo-se ou ignorando os demais do Antigo Testamento.
Trago, então, algumas considerações, com exemplos, para meditação e esclarecimento de todos os irmãos, retirados do livro Razão e Dogma, de minha autoria:
As pernas de diversos crimes:
Deus dita leis absurdas a Moisés que, na época em que vivemos, contradizem o caráter divino da Bíblia.
O livro de Levítico corresponde a um tempo de grande atraso, onde as pessoas viviam em tribos hostis e sanguinárias. Estranhas leis eram sancionadas, tão humanas e tolas quanto o modo de pensar da Humanidade de então. É incrível que ainda se pense numa ordenança divina, quando é fácil constatarmos a presença da frágil ignorância humana.
A pena capital é outorgada aos homossexuais, aos adúlteros, aos idolatras e aos feiticeiros. É surpreendente a menção da expulsão do seio do povo daqueles que praticaram um relacionamento sexual durante a época da menstruação (Levítico 20:18)
Se a filha de um sacerdote se desonra, profana o seu pai, com fogo será queimada (Levítico 21:9)
Os deficientes físicos, descendentes dos sacerdotes, são proibidos de penetrar no altar, ou mesmo de 'oferecer o pão do seu Deus'. Um intenso e desumano preconceito é observado na leitura atenta dos textos de Levítico 21:16-24;
'Deus' faz exigências quanto a oferenda: É incrível que alguns religiosos exaltem tanto todos os textos bíblicos, quando utilizando a lógica e a razão, verificamos um sem-número de absurdos. O 'Deus', ao qual se refere o livro de Levítico 22:17-18, marcadamente bem humano e impertinente, ordena que a oferta, a ser oferecida no altar, seja de animais sem defeitos. Mais exigente, ainda, quando determina que não devem ser ofertados animais que tiverem os testículos machucados, ou moídos, ou arrancados, ou cortados (Levítico 22:24). Finalizando o lamentável capitulo, 'Deus' se identifica como o 'SENHOR' e diz: 'Não profanareis o meu santo nome, mas serei santificado no meio dos filhos de Israel: Eu sou o SENHOR que vos santifico'. '...que vos tirei da Terra do Egito, para ser o vosso Deus: Eu sou o SENHOR' (Levítico 22:32-33) Tudo isto não é muito triste, caro leitor?
A recompensa dada por 'Deus' aos seus obedientes seguidores:
No mesmo livro em tela, o 'SENHOR' afirma que, para todos que guardarem e cumprirem os mandamentos, dará chuvas ao seu tempo; a terra dará sua messe, e a árvore do campo o seu fruto (Levítico 26-3-4). 'Mais adiante, 'Deus' diz o seguinte: 'Perseguirei os vossos inimigos, e cairão a espada diante de vós. Cinco de vós perseguirão a cem, e cem dentre vós perseguirão a dez mil...' (Levítico 26:7-8) 'Não é a toa que esse mesmo 'Deus' se denomine o 'SENHOR DOS EXERCITOS'. É incrível, fantástico e extraordinário que o próprio 'Deus' desrespeite o seu mandamento - 'NAO MATARÁS' (Êxodo 20:13);
9) Os castigos da desobediência:
''Deus' ameaça a todos que rejeitarem os mandamentos e estatutos com as seguintes penas:
a) ‘Porei sobre vós terror, a tísica e a febre ardente que fazem desaparecer o lustre dos olhos e definhar a vida...’ (Levítico 26:16).
b) 'Voltar-me-ei contra vós outros, e sereis feridos diante de vossos inimígos...' (Levítico 26:17);
c)‘Trarei sobre vós a espada vingadora de minha aliança...enviarei a peste para o meio de vós e sereis entregues na mão do inimigo’ (Levítico 26:25).
d) 'Com furor serei contrário a vós outros, e vos castigarei sete vezes mais por causa dos vossos pecados' (Levítico 26:28).
e) Destruirei os vossos altos...' (Levítico 26:30).
f) Reduzirei as vossas cidades a deserto e assolarei os vossos santuários...' (Levítico 26:31)
g) 'Assolarei a terra...' (Levítico 26:32).
Um 'Deus' vingativo e mau, totalmente em desacordo com a primeira epístola de João, que nos consola, afirmando-nos: 'DEUS É AMOR' (I João 4-8) (Retirado do capitulo XII do livro Razão e Dogma, Editora O Clarim, do mesmo autor/Américo D. Nunes Filho)
Quanto ao tema em tela, o padre comete um erro de interpretação. Nem a Bíblia, e muito menos Moisés, 'condena eloqüentemente a evocação dos mortos'. Os textos são perfeitamente elucidativos, a respeito da mediunidade praticada por seres humanos bem inferiores, em intercâmbio com espíritos atrasados, principalmente para fins divinatórios, porquanto necromância é a invocação dos mortos para adivinhações.
Não se deve esquecer, por exemplo, dos idólatras que, nos cultos aos deuses de Baal, praticavam a magia negra, utilizando-se de sacrifícios humanos. A pratica da mediunidade foi proibida, pelo legislador hebreu Moisés, de ser exercida pelos politeístas, exatamente os que adoravam espíritos inferiores que se apresentavam ou eram identificados como deuses. O intercâmbio mediúnico, praticado pelos sinceros adeptos do monoteísmo, não era condenado. Algumas passagens nas escrituras, claramente, confirmam o fenômeno da mediunidade:
...Manasses, após seu cativeiro em Babilônia, voltou-se, arrependido, para Deus, abandonando a seita idólatra de Baal, após o que ele, angustiado, suplicou deveras ao Senhor seu Deus, e muito se humilhou perante o Deus de seus pais' (II Cr 33:12). Consequentemente ouviu '... as palavras dos videntes que lhe falaram em nome do Senhor, Deus de Israel...' (II Cr 33:18).
A exclamação de Moisés ('Oxalá todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espirito) Livro de Números, Cap. 11, vers. 29, ressalta que as evocações dos mortos não eram proibidas para os que seguiam verdadeiramente os passos do legislador hebreu. É necessário esclarecer que, para o povo hebreu, os fenômenos mediúnicos eram permitidos e louvados, já que os seus medianeiros não obtinham vantagem financeira, nem eram associados a magia negra e a necromancia. Mesmo que a condenação mosaica fosse para todos, sabe-se que o Mestre Jesus não ratificou tudo quanto disse Moisés, provando que nem tudo o que veio do legislador judeu é divino (ver Mateus 5:38-48; João 8:1-11). ‘Aliás, se há no Velho Testamento uma proibição que foi claramente contestada pelo Mestre, essa proibição é, nada mais, nada menos, a que impede o intercâmbio com o plano invisível. Jesus, tomando consigo a Pedro, Tiago e João, levou-os a um alto monte e se transfigurou diante deles (Mt 17:2). Ali apareceram gloriosamente materializados, Moisés e Elias, que conversaram com o Cristo a respeito de sua futura crucificação. Diga-se de passagem que os apóstolos, presentes a reunião, cooperaram ativamente para a produção do fenômeno, uma vez que estavam tomados de sono’ (Lc 9:32). Ora, só sentiria sono em tais circunstâncias quem estivesse cedendo ectoplasma, porquanto não se compreende que alguém possa ficar sonolento diante de fatos tão espantosos, como os que se deram no 'monte da transfiguração'. Apesar da presença de Jesus, que por si só dispensaria todo e qualquer concurso alheio para a manifestação do Plano Superior, os apóstolos forneciam ectoplasma, o que explica não estarem em plena posse de sua consciência vigil.
E IMPORTANTISSIMO RESSALTAR QUE O PROPRIO MOISÉS, 'MORTO' há tanto tempo e AGORA MATERIALIZADO no monte, FOI JUSTAMENTE QUEM PROIBIU O CONTATO COM OS 'MORTOS...
A proibição de Moisés é inteiramente ratificada pela Doutrina Espirita, que igualmente condena a evocação de espíritos atrasados, com o fim de sortilégios e adivinhações.
O que se vê, em tudo isto, o que ai se proíbe, não é propriamente o contato com os espíritos, e sim, a utilização desse contato para fins divinatórios. Não era, porém, esse o único motivo para que Moisés proibisse o intercâmbio com o invisível. É necessário atentar para a missão histórica do povo judeu. Ele tinha que transmitir a Humanidade e de maneira insofismável a noção monoteísta. A crença num único Deus era outrora propriedade de iniciados e só a conheciam os que pertenciam a escolas secretas. Os judeus tinham que vulgariza-la; era necessário, portanto, que sua atenção não se desviasse do Deus Supremo, o que fatalmente aconteceria caso o contato com os espíritos lhe fosse franqueado. Convém não esquecer que foi graças ao monoteísmo, que de Israel, 'encruzilhada do mundo', ponto de encontro entre várias culturas, surgiu o Cristianismo'. (Trechos retirados do Capítulo A Suposta Proibição Mosaica do Exercício Mediúnico, do livro Razão e Dogma, Editora O Clarim). A seguir, o escritor clerical afirma: 'A proibição se deve não a suposição de que os mortos sejam incomodados pelos vivos, mas ao fato de que não há receita que garanta a comunicação entre vivos e mortos. A necromância é superstição. A oração que os cristãos dirigem aos santos, não se baseia em formulas ou receitas mágicas, mas unicamente na convicção de que Deus quer conservar a comunhão entre os membros do Corpo Místico de Cristo; por isto Ele faz que os justos no céu tomem conhecimento das preces despretensiosas que lhes dirigimos na Terra e, em conseqüência, intercedam por nós'.
Nada se pode aprender de importante para refutação, nessa maçante ou arrazoadora declaração.
"Depois, o religioso dá o seu ultimo grito de guerra, ja sem munição: Quanto ao caso de Saul, que evocou Samuel mediante a pitonisa de Endor e foi atendido (Cf. 1 Sm 28, 5-15), não é paradigma, pois diz a própria Bíblia que Saul foi condenado por causa disso (cf. 1 Cr 10:3). Deus permitiu que Saul recebesse de Samuel, naquele momento, a advertência de que estava no fim sua vida terrestre e no dia seguinte ia morrer; foi por causa da importância solene daquela hora que Deus permitiu a resposta de Samuel; ela não foi provocada pela arte da adivinhação; esta apenas forneceu a ocasião ou as circunstâncias da manifestação de Samuel.
De inicio, parabenizo o sacerdote por não se referir ao “diabo”, como sendo Samuel, teoria de muitos exegetas protestantes, tentando negar o aparecimento de um espirito, ao qual, pela sua crença, deveria estar dormindo, aguardando a absurda e anticientífica “ressurreição dos corpos”. Quanto a passagem, em que o rei Saul procura a pitonisa de Endor, é preciso que se faça algumas reflexões:
1 - O monarca, preocupado que estava com os filisteus, solicitou uma comunicação do Espirito Samuel; portanto, para fins divinatórios, desejava o intercâmbio mediúnico;
2 - Não recebeu o que ansiava, através dos profetas ou médiuns de Israel, nem pela mediunidade de efeitos físicos (Urim), nem pelo desdobramento do corpo espiritual (sonhos), (I Samuel 28:6);
3 - Foi ao encontro de uma pitonisa, disfarçado, porquanto o rei tinha desterrado todos os que praticavam a mediunidade de forma inferior para adivinhações e magia negra (I Samuel 28:3);
4 - Através das faculdades paranormais da inferior medianeira, o Espirito Samuel diz a Saul que ele e seus filhos, no dia seguinte, seriam mortos, na peleja contra os filisteus (I Samuel 28:19).
5 - O motivo da condenação de Saul está bem claro nos versículos 18 e 19. Disse Samuel: “Como não deste ouvidos a voz do Senhor, e não executaste o que ele no furor de sua ira ordenou contra Amaleque, por isso o Senhor te fez isto (não receber a mensagem mediúnica dos médiuns hebreus)... e amanhã tu e teus filhos estarão comigo...”
Para os leitores desatentos ou que desconheçam estes versículos, o padre parece passar o ensinamento falso, o de Saul ter sido punido por Deus pelo motivo de ter consultado um “morto”.