Capitulo II do livro Porque
Sou Espirita, onde Américo Domingos Nunes Filho refuta as acusações de Dom
Estevão Bittencourt a Doutrina Espirita:
Para a devida refutação das
agressões do autor à Doutrina Espírita, comentarei de parágrafo em parágrafo as
suas assertivas. Diz o religioso: - “Um dos fatores mais atraentes do
Espiritismo é a aparente comunicação com 'os espíritos desencarnados', estes
parecem acompanhar os vivos, consolando-os e orientando-os; é o que ocorre nos
casos do copo falante, da psicografia, das casas mal-assombradas, etc.” O
clérigo enquadra a comunicação espírita como “aparente”. Afirma que os
espíritos desencarnados “parecem” acompanhar os vivos. Com essa afirmação
gratuita, o prelado está negando os inúmeros fenômenos que aconteceram nos
ambientes ligados à sua crença, como também os que se verificaram em terras do
Oriente, segundo o relato do Antigo e Novo Testamentos. Desde os tempos
primitivos o homem pode ver e ouvir os Espíritos. Os fenômenos de vidência e
audiência atestam a presença de seres espirituais, confirmando a imortalidade.
No Antigo Testamento, o
sacerdote Eli é observador de um fato mediúnico de grande significância. O
profeta Samuel, ainda jovem, na sua primeira experiência paranormal, ouvia uma
voz que pensava ser a de Eli, deitado próximo a ele. O sacerdote percebeu que
Samuel estava sendo utilizado, como intermediário, captando mensagens do Plano
Superior (Primeiro Livro de Samuel 3:1-14). Enquanto o exemplo anterior retrata
um caso marcante de audiência, trago agora outros tipos de mediunidade, onde a
vidência também é relacionada.
O protagonista foi Daniel,
célebre profeta judaico da corte da Babilônia. Enquanto presenciava uma visão
com “a aparência de um homem” (Daniel 8:15), ouviu a voz de um varão que estava
as margens do rio Ulai, a qual gritou: “Gabriel, dá a entender a este a visão”
(Daniel 8:16). Gabriel quer dizer “Homem da Luz”. Um Espírito situado em alto
grau de evolução, apareceu a Daniel tão nitidamente que o deixou amedrontado
(Daniel 8:17). O valoroso profeta, em outra circunstância, viu uma entidade de
grande expressão, totalmente iluminada. Os homens que estavam com Daniel nada
viram. Ouvindo a voz estrondosa, caiu sem sentidos, rosto em terra. (Daniel
10:5-9) Contestando, a priori, a ação inteligente dos habitantes do Mundo
Espiritual junto aos seres terrenos, o padre vibra em consonância com as
correntes espirituais inferiores que recusam a revelação divina, transmitida a
Humanidade por Benfeitores Espirituais, através de inúmeros intermediários
(médiuns ou profetas). No livro de Jó, há o relato de uma passagem bem
significativa, provando, o que o eclesiástico nega, a presença insofismável da
individualidade espiritual. Declara Jó: “Então, um espírito passou por diante
de mim; fez me arrepiar os cabelos do meu corpo; parou ele, mas não lhe
discerni a aparência; um vulto estava diante de meus olhos; houve silêncio, e
ouvi uma voz” (Livro de Jó 4:15-16). Afirmando que a comunicação mediúnica não
é real, o catolicismo, representado por um de seus sacerdotes, está
anatematizando a própria Bíblia, denominada de “Sagrada” pela Igreja. Em Atos
dos Apóstolos, um discípulo chamado Ananias, em Damasco, vê o Mestre Jesus e
dialoga com ele. O Cristo lhe outorga a missão de procurar por Paulo,
dizendo-lhe: “Vai, porque esta é para mim um instrumento escolhido para levar o
meu nome perante os gentios...” (Capítulo 9, versículos 10 a 16). Conforme se observa,
Ananias era um exímio médium vidente e audiente. Através de suas faculdades
medianímicas, foi incumbido por Jesus para uma tarefa grandiosa. Entrando na
casa onde se encontrava Saulo, apelidado de Tarso, impôs sobre ele as suas mãos
e o “convertido de Damasco” tornou a ver. É possível constatar, também, em
Ananias, a mediunidade de cura, retirando a cegueira de Saulo, através da
aplicação de passes. Lendo a Bíblia, utilizando a ótica do bom senso, os textos
passam a ser bem entendidos e a lógica aparece aos olhos do observador. O texto
citado acima, parece até uma descrição dos fatos que acontecem dentro dos
trabalhos práticos espíritas, onde a mediunidade recebe a devida atenção, já
que seu exercício é, segundo relato religioso, “um dos fatores mais atraentes
do Espiritismo”.
(...)
O Evangelho de Lucas revela a
visão presenciada por Zacarias, no interior do santuário do templo, quando um
Mensageiro Espiritual, chamado Gabriel, aparece ao ancião, comunicando-lhe a
notícia alvissareira da encarnação de um grande missionário em seu lar, um
filho, a quem seria chamado de João. A entidade relata a Zacarias a respeito da
elevada posição hierárquica do Espírito a encarnar (Lucas 1:14-15), revelando-o
como o profeta Elias que teria de voltar, segundo uma profecia de Malaquias.
Inclusive, Gabriel repete a mesma frase, dita por Malaquias, quando alude à
reencarnação de Elias: “E irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para
converter os corações dos pais aos filhos” (Lucas 1:17 e Malaquias 4:5-6) O
arauto angelical Gabriel, descrito como “homem” por Daniel (Daniel 9:12), é o
mesmo ser desencarnado que aparece depois a Maria, anunciando-lhe o nascimento
de Jesus. Mais uma vez, o fenômeno mediúnico se destaca nessas passagens
evangélicas. Ignorá-lo, é desconhecer a verdade absoluta que emerge dos textos
bíblicos. Não reconhecê-lo, corresponde a não aceitar como verdadeiro O Livro
dos Espíritos. O reverendo Bittencourt, na trevosa ação de inútil ceifador do
Espiritismo, está também demolindo os alicerces de sua própria crença, negando
a própria “palavra de Deus”, a Bíblia, o “livro sagrado” do Clero. (...) Na
Primeira Epístola de Pedro, Capítulo um, versículo onze, está inserida a
comprovação de que os profetas serviram de intérpretes da Espiritualidade
Superior: “O Espírito Jesus estava com os profetas”, como também a afirmação do
Livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo sete, versículo cinqüenta e três: “Os
profetas receberam a lei por ministério dos anjos” , ou seja, através de
mensageiros espirituais. Os profetas eram, portanto, médiuns, dotados,
principalmente, da mediunidade da Psicofonia ou Incorporação. (...) Quanto ao
fato de espíritos inferiores, ainda não esclarecidos, poderem-se comunicar, é
preciso esclarecer que nem sempre mediunismo é Doutrina Espírita. Os
profitentes da 'Terceira Revelação Divina' seguem, com muita vigilância e
atenção, o ensinamento de João: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito:
antes, provai os espíritos se procedem de Deus” (1a Epístola 4:1) Um único
texto do Novo Testamento põe por terra a afirmação do clérigo de que não há
comunicação de Espíritos. O ensinamento de João é bem claro: existem seres
esclarecidos (provêm de Deus) e Seres Inferiores (não dêem crédito) (...)
Na realidade, o prelado,
afirmando a heresia de que os desencarnados parecem acompanhar os vivos, está
fornecendo um atestado de repúdio às letras bíblicas. Afinal, que estavam
fazendo, em alto monte, os espíritos desencarnados, Elias e Moisés,
materializados, acompanhando os 'vivos' que lá estavam, representados por
Jesus, Pedro, Tiago e João?
(...)
A propósito, tenho ainda
outras abordagens bíblicas, a serem digeridas por todos aqueles que negam a
presença dos desencarnados, acompanhando os “vivos”:
1 - Após a transfiguração de
Jesus e já aparecendo, materializados, dois grandes vultos do Antigo Testamento,
Moisés e Elias, deveriam estar os apóstolos Pedro, Tiago e João bem acordados,
e, sem dúvidas, tensos, devido a grande quantidade de adrenalina circulante em
seus corpos. Contudo, para tristeza dos que negam o fenômeno mediúnico e para
gáudio dos espíritas, o evangelista Lucas diz que “Pedro e seus companheiros
achavam-se premidos de sono” (Lucas 9:32). Por que estavam adormecidos?
2 - No primeiro livro de Reis,
há também uma descrição bem expressiva, em relação ao tema. O profeta Elias
achava-se em fuga, porquanto estava jurado de morte pelo assassínio dos
profetas de Baal. Depois de uma longa caminhada pelo deserto, assentou-se
debaixo de um arbusto. “Deitou-se, e DORMIU debaixo do zimbro” (I Reis 19:5).
Um mensageiro espiritual, materializado, toca-o e lhe diz: “Levanta-te e coma”.
A sua frente, se encontravam, materializados, um pão cozido sobre pedras e uma
botija de água. Após ter comido e bebido, voltou a dormir. Após algum tempo,
ressurge novamente, materializado, o ser espiritual, tocando outra vez em
Elias, mandando-lhe comer e beber. A seguir, ordenou-lhe a partida (I Reis
19:6-8)
Por que dou tanta importância
ao fato de Elias estar adormecido, antes da chegada do espírito materializado?
3 - No livro dos Atos dos
Apóstolos, encontra-se a informação de que Pedro se achava aprisionado à mando
de Herodes, DORMINDO na prisão, entre dois soldados, acorrentado com duas
candeias. Eis, porém, que surge uma entidade espiritual, materializada, e a cela
apresenta-se totalmente iluminada. O ser extrafísico, tocando o lado de Pedro;
o desperta e lhe diz: “Levanta-te depressa. Cinge-te, a calça as tuas
sandálias. Põe a tua capa, e segue-me” (Atos 12:5-8). A seguir o Evangelista
Lucas cita duas referências a Pedro que, “para os que não tem ouvidos para
ouvir”, parecem ser enigmáticas: “Pedro não sabia o que era real, o que se
fazia por meio do anjo ou mensageiro espiritual; parecia-lhe uma visão” (Atos
12:9). “Então, Pedro, caindo em si...” (Atos 12:11) Por que grifei Pedro
dormindo no cárcere? Qual a explicação para as impressões vivenciadas pelo
apóstolo já fora da cela?
4 - O fato a seguir ocorreu
com Paulo e Silas, açoitados e presos. Os valorosos discípulos de Jesus se
encontravam no cárcere, com os pés presos a um tronco. “Por volta da
meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus... de repente
sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-se
todas as portas, soltaram-se as cadeias de todos” (Atos 16:23-26) No outro
versículo, está uma afirmação assaz claríssima para o entendimento espírita: “O
Carcereiro despertou do SONO” (Atos 16:27).
Por que mais uma vez foi
ressaltado o fato de alguém estar dormindo? Por que os textos ressaltam alguém
estar adormecido, num momento tão importante como o da materialização de
Espíritos? Sem dúvida, a palavra autorizada do Consolador surge à nossa frente.
O Mestre não nos deixou órfãos, já que a Revelação Espírita, com o beneplácito
da ciência, vem esclarecer a todos a respeito da Ectoplasmia e responder as
questões por mim formuladas. O Espiritismo ensina que tanto no fenômeno da
Materialização, como no de Efeitos Físicos, há o aproveitamento de uma
substância, eliminada por um médium, adormecido, denominada ectoplasma. Na
materialização, o ser desencarnado se apresenta visível e tangível, devido a
impregnação de sua vestimenta espiritual pelo ectoplasma, cedido por um
sensitivo, acrescido dos que se formam dos participantes da reunião ou, até
mesmo, da natureza. A produção de efeitos físicos é realizada, graças a uma
condensação de ectoplasma, dando ensejo à produção de pancadas, ruídos, voz
direta e sematologia. Tanto nos fenômenos de efeitos físicos, quanto na
Materialização, há necessidade da presença de um médium que tenha a faculdade
de liberar substância essencial à realização do fenômeno da ectoplasmia. O
sensitivo recolhe-se a uma cabine escura onde se deita e, profundamente
adormecido, exterioriza-se o ectoplasma por diversos orifícios do seu corpo,
principalmente da boca e das narinas. (...) No “Monte da Transfiguração”, os
apóstolos Pedro, Tiago e João serviram-se de médiuns, cedendo ectoplasma para a
materialização de Moisés e Elias. Daí o fato de estarem “premidos de sono”. O
fato acontecido com Pedro foi semelhante ao acontecido com Elias. Estava
dormindo, em transe profundo, cedendo ectoplasma, proporcionando a aparição
tangível de um Arauto Espiritual que, inclusive, toca em Pedro, acordando-o. Ao
sair da prisão, o discípulo acompanhava o Espírito, pensando ter uma visão,
isto é, acreditando-se fora do corpo físico, em desdobramento ou projeção da
consciência. Estava realmente confuso, o que vem confirmar que estava acordando
de um transe profundo. Essa hipótese é real, porquanto o apóstolo já sozinho,
“caiu em si”, isto é, estava compreendendo o que se passava, achando-se
“inteiramente lúcido” (Atos 12:11). Em relação a Paulo e Silas, curiosamente,
era o carcereiro, o médium de ectoplasma. Daí o texto ser bem claro: “O
carcereiro despertou do sono”. Para os que já têm 'OLHOS DE VER' e 'OUVIDOS DE
OUVIR' é perfeitamente entendida a mensagem, um tanto enigmática da Bíblia, em
que nos fenômenos de materialização e de efeitos físicos descreve-se sempre
alguém adormecido. (...) O prelado cita os 'aparentes' fenômenos do 'copo
falante', da psicografia e das casas mal-assombradas. A sematologia resume-se
na movimentação de objetos mediante a ação dos espíritos sobre a matéria
inerte. Talvez o padre desconheça que, na Bíblia, existe uma referência à
prática da mediunidade do copo. É encontrada, no Livro de Gênesis, capítulo 44,
versículo 5: o undécimo filho de Jacó e o mais velho de Raquel, José,
personagem ilustre do Antigo Testamento, utilizou 'o copo, em que bebia, para
fazer adivinhações'. Na Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille (SPLEB), tive a
oportunidade de presenciar várias reuniões de Sematologia. Alguns
parapsicólogos relatam que o fenômeno é causado pela ação do 'inconsciente dos
sensitivos'. Pois bem, os médiuns que estavam em ação, movendo o copo, eram todos
cegos, botando por terra as razões materialistas para o processo da
Sematologia. Quanto a psicografia, há relatos e comprovações científicas
abundantes dos trabalhos desempenhados por Francisco Cândido Xavier, Divaldo
Pereira Franco, Mirabelli e muitos outros. Inclusive, mensagens celeremente
escritas, no papel, em idioma estrangeiro não conhecido pelo médium. Algumas
comunicações apresentando-se com as palavras dispostas de trás pra frente,
podendo somente ser lidas ao espelho. Outras, sendo encerradas com a mesma
assinatura que o 'morto' tinha em
vida. Em relação ao fenômeno de 'Poltergeist', existem,
amiúde, pesquisas científicas atestando a presença de espíritos do além agindo
no ambiente, utilizando a energia ectoplasmática de um médium."
Capítulo VIII do mesmo livro:
"Agora, o sacerdote
utiliza-se das armas das chamadas Escrituras Sagradas e da munição das leis
mosaicas, para combater a Doutrina dos Espíritos, relatando o seguinte:
Para quem é cristão, o texto
bíblico tem valor de guia fundamental. Ora, a Bíblia condena eloqüentemente a
evocação dos mortos:
Lv 19, 31: “Não vos voltareis
para os necromantes nem consultareis os adivinhos, pois eles vos contaminariam”
Lv 20, 6: “Aquele que recorrer
aos necromantes e aos adivinhos para se prostituir com eles, voltar-me-ei
contra esse homem e o exterminarei do meio do seu povo”.
Lv 20,27: “O homem ou a mulher
que, entre vós, for necromante ou adivinho, será morto, será apedrejado, e o
seu sangue cairá sobre ele ou ela.”
Dt 18,10-14: “Que em teu meio
não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha, nem que faça
presságio, oráculo, adivinhação ou magia, ou que pratique encantamentos, que
interrogue espíritos ou adivinhos, ou ainda que evoque os mortos; pois quem
pratica essas coisas e abominável a Javé... Eis que as nações que vais
conquistar, ouvem oráculos e adivinhos. Quanto a ti, isso não te é permitido
por Jave teu Deus”. (Ver ainda II Rs 17, 17; Is 8,19s)
Antes de abordar o assunto da
suposta condenação da mediunidade, fico surpreso que de toda a Bíblia,
contendo, em especial, os dignificantes ensinamentos do Novo Testamento, o
sacerdote se socorra de alguns textos de Moisés, esquecendo-se ou ignorando os
demais do Antigo Testamento.
Trago, então, algumas
considerações, com exemplos, para meditação e esclarecimento de todos os
irmãos, retirados do livro Razão e Dogma, de minha autoria:
As pernas de diversos crimes:
Deus dita leis absurdas a
Moisés que, na época em que vivemos, contradizem o caráter divino da Bíblia.
O livro de Levítico
corresponde a um tempo de grande atraso, onde as pessoas viviam em tribos
hostis e sanguinárias. Estranhas leis eram sancionadas, tão humanas e tolas
quanto o modo de pensar da Humanidade de então. É incrível que ainda se pense
numa ordenança divina, quando é fácil constatarmos a presença da frágil
ignorância humana.
A pena capital é outorgada aos
homossexuais, aos adúlteros, aos idolatras e aos feiticeiros. É surpreendente a
menção da expulsão do seio do povo daqueles que praticaram um relacionamento
sexual durante a época da menstruação (Levítico 20:18)
Se a filha de um sacerdote se
desonra, profana o seu pai, com fogo será queimada (Levítico 21:9)
Os deficientes físicos,
descendentes dos sacerdotes, são proibidos de penetrar no altar, ou mesmo de
'oferecer o pão do seu Deus'. Um intenso e desumano preconceito é observado na
leitura atenta dos textos de Levítico 21:16-24;
'Deus' faz exigências quanto a
oferenda: É incrível que alguns religiosos exaltem tanto todos os textos
bíblicos, quando utilizando a lógica e a razão, verificamos um sem-número de
absurdos. O 'Deus', ao qual se refere o livro de Levítico 22:17-18, marcadamente
bem humano e impertinente, ordena que a oferta, a ser oferecida no altar, seja
de animais sem defeitos. Mais exigente, ainda, quando determina que não devem
ser ofertados animais que tiverem os testículos machucados, ou moídos, ou
arrancados, ou cortados (Levítico 22:24). Finalizando o lamentável capitulo,
'Deus' se identifica como o 'SENHOR' e diz: 'Não profanareis o meu santo nome,
mas serei santificado no meio dos filhos de Israel: Eu sou o SENHOR que vos
santifico'. '...que vos tirei da Terra do Egito, para ser o vosso Deus: Eu sou
o SENHOR' (Levítico 22:32-33) Tudo isto não é muito triste, caro leitor?
A recompensa dada por 'Deus'
aos seus obedientes seguidores:
No mesmo livro em tela, o
'SENHOR' afirma que, para todos que guardarem e cumprirem os mandamentos, dará
chuvas ao seu tempo; a terra dará sua messe, e a árvore do campo o seu fruto
(Levítico 26-3-4). 'Mais adiante, 'Deus' diz o seguinte: 'Perseguirei os vossos
inimigos, e cairão a espada diante de vós. Cinco de vós perseguirão a cem, e
cem dentre vós perseguirão a dez mil...' (Levítico 26:7-8) 'Não é a toa que
esse mesmo 'Deus' se denomine o 'SENHOR DOS EXERCITOS'. É incrível, fantástico
e extraordinário que o próprio 'Deus' desrespeite o seu mandamento - 'NAO
MATARÁS' (Êxodo 20:13);
9) Os castigos da
desobediência:
''Deus' ameaça a todos que
rejeitarem os mandamentos e estatutos com as seguintes penas:
a) ‘Porei sobre vós terror, a
tísica e a febre ardente que fazem desaparecer o lustre dos olhos e definhar a
vida...’ (Levítico 26:16).
b) 'Voltar-me-ei contra vós
outros, e sereis feridos diante de vossos inimígos...' (Levítico 26:17);
c)‘Trarei sobre vós a espada
vingadora de minha aliança...enviarei a peste para o meio de vós e sereis
entregues na mão do inimigo’ (Levítico 26:25).
d) 'Com furor serei contrário
a vós outros, e vos castigarei sete vezes mais por causa dos vossos pecados'
(Levítico 26:28).
e) Destruirei os vossos
altos...' (Levítico 26:30).
f) Reduzirei as vossas cidades
a deserto e assolarei os vossos santuários...' (Levítico 26:31)
g) 'Assolarei a terra...'
(Levítico 26:32).
Um 'Deus' vingativo e mau,
totalmente em desacordo com a primeira epístola de João, que nos consola, afirmando-nos:
'DEUS É AMOR' (I João 4-8) (Retirado do capitulo XII do livro Razão e Dogma,
Editora O Clarim, do mesmo autor/Américo D. Nunes Filho)
Quanto ao tema em tela, o
padre comete um erro de interpretação. Nem a Bíblia, e muito menos Moisés,
'condena eloqüentemente a evocação dos mortos'. Os textos são perfeitamente
elucidativos, a respeito da mediunidade praticada por seres humanos bem
inferiores, em intercâmbio com espíritos atrasados, principalmente para fins
divinatórios, porquanto necromância é a invocação dos mortos para adivinhações.
Não se deve esquecer, por
exemplo, dos idólatras que, nos cultos aos deuses de Baal, praticavam a magia
negra, utilizando-se de sacrifícios humanos. A pratica da mediunidade foi
proibida, pelo legislador hebreu Moisés, de ser exercida pelos politeístas,
exatamente os que adoravam espíritos inferiores que se apresentavam ou eram
identificados como deuses. O intercâmbio mediúnico, praticado pelos sinceros
adeptos do monoteísmo, não era condenado. Algumas passagens nas escrituras,
claramente, confirmam o fenômeno da mediunidade:
...Manasses, após seu
cativeiro em Babilônia, voltou-se, arrependido, para Deus, abandonando a seita
idólatra de Baal, após o que ele, angustiado, suplicou deveras ao Senhor seu
Deus, e muito se humilhou perante o Deus de seus pais' (II Cr 33:12).
Consequentemente ouviu '... as palavras dos videntes que lhe falaram em nome do
Senhor, Deus de Israel...' (II Cr 33:18).
A exclamação de Moisés ('Oxalá
todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espirito)
Livro de Números, Cap. 11, vers. 29, ressalta que as evocações dos mortos não
eram proibidas para os que seguiam verdadeiramente os passos do legislador
hebreu. É necessário esclarecer que, para o povo hebreu, os fenômenos
mediúnicos eram permitidos e louvados, já que os seus medianeiros não obtinham
vantagem financeira, nem eram associados a magia negra e a necromancia. Mesmo
que a condenação mosaica fosse para todos, sabe-se que o Mestre Jesus não
ratificou tudo quanto disse Moisés, provando que nem tudo o que veio do
legislador judeu é divino (ver Mateus 5:38-48; João 8:1-11). ‘Aliás, se há no
Velho Testamento uma proibição que foi claramente contestada pelo Mestre, essa
proibição é, nada mais, nada menos, a que impede o intercâmbio com o plano
invisível. Jesus, tomando consigo a Pedro, Tiago e João, levou-os a um alto
monte e se transfigurou diante deles (Mt 17:2). Ali apareceram gloriosamente
materializados, Moisés e Elias, que conversaram com o Cristo a respeito de sua
futura crucificação. Diga-se de passagem que os apóstolos, presentes a reunião,
cooperaram ativamente para a produção do fenômeno, uma vez que estavam tomados
de sono’ (Lc 9:32). Ora, só sentiria sono em tais circunstâncias quem estivesse
cedendo ectoplasma, porquanto não se compreende que alguém possa ficar
sonolento diante de fatos tão espantosos, como os que se deram no 'monte da
transfiguração'. Apesar da presença de Jesus, que por si só dispensaria todo e
qualquer concurso alheio para a manifestação do Plano Superior, os apóstolos
forneciam ectoplasma, o que explica não estarem em plena posse de sua
consciência vigil.
E IMPORTANTISSIMO RESSALTAR
QUE O PROPRIO MOISÉS, 'MORTO' há tanto tempo e AGORA MATERIALIZADO no monte,
FOI JUSTAMENTE QUEM PROIBIU O CONTATO COM OS 'MORTOS...
A proibição de Moisés é
inteiramente ratificada pela Doutrina Espirita, que igualmente condena a
evocação de espíritos atrasados, com o fim de sortilégios e adivinhações.
O que se vê, em tudo isto, o
que ai se proíbe, não é propriamente o contato com os espíritos, e sim, a
utilização desse contato para fins divinatórios. Não era, porém, esse o único
motivo para que Moisés proibisse o intercâmbio com o invisível. É necessário
atentar para a missão histórica do povo judeu. Ele tinha que transmitir a
Humanidade e de maneira insofismável a noção monoteísta. A crença num único
Deus era outrora propriedade de iniciados e só a conheciam os que pertenciam a
escolas secretas. Os judeus tinham que vulgariza-la; era necessário, portanto,
que sua atenção não se desviasse do Deus Supremo, o que fatalmente aconteceria
caso o contato com os espíritos lhe fosse franqueado. Convém não esquecer que
foi graças ao monoteísmo, que de Israel, 'encruzilhada do mundo', ponto de
encontro entre várias culturas, surgiu o Cristianismo'. (Trechos retirados do
Capítulo A Suposta Proibição Mosaica do Exercício Mediúnico, do livro Razão e
Dogma, Editora O Clarim). A seguir, o escritor clerical afirma: 'A proibição se
deve não a suposição de que os mortos sejam incomodados pelos vivos, mas ao
fato de que não há receita que garanta a comunicação entre vivos e mortos. A
necromância é superstição. A oração que os cristãos dirigem aos santos, não se
baseia em formulas ou receitas mágicas, mas unicamente na convicção de que Deus
quer conservar a comunhão entre os membros do Corpo Místico de Cristo; por isto
Ele faz que os justos no céu tomem conhecimento das preces despretensiosas que
lhes dirigimos na Terra e, em conseqüência, intercedam por nós'.
Nada se pode aprender de
importante para refutação, nessa maçante ou arrazoadora declaração.
"Depois, o religioso dá o
seu ultimo grito de guerra, ja sem munição: Quanto ao caso de Saul, que evocou
Samuel mediante a pitonisa de Endor e foi atendido (Cf. 1 Sm 28, 5-15), não é
paradigma, pois diz a própria Bíblia que Saul foi condenado por causa disso
(cf. 1 Cr 10:3). Deus permitiu que Saul recebesse de Samuel, naquele momento, a
advertência de que estava no fim sua vida terrestre e no dia seguinte ia
morrer; foi por causa da importância solene daquela hora que Deus permitiu a
resposta de Samuel; ela não foi provocada pela arte da adivinhação; esta apenas
forneceu a ocasião ou as circunstâncias da manifestação de Samuel.
De inicio, parabenizo o
sacerdote por não se referir ao “diabo”, como sendo Samuel, teoria de muitos
exegetas protestantes, tentando negar o aparecimento de um espirito, ao qual,
pela sua crença, deveria estar dormindo, aguardando a absurda e anticientífica
“ressurreição dos corpos”. Quanto a passagem, em que o rei Saul procura a
pitonisa de Endor, é preciso que se faça algumas reflexões:
1 - O monarca, preocupado que
estava com os filisteus, solicitou uma comunicação do Espirito Samuel;
portanto, para fins divinatórios, desejava o intercâmbio mediúnico;
2 - Não recebeu o que ansiava,
através dos profetas ou médiuns de Israel, nem pela mediunidade de efeitos
físicos (Urim), nem pelo desdobramento do corpo espiritual (sonhos), (I Samuel
28:6);
3 - Foi ao encontro de uma
pitonisa, disfarçado, porquanto o rei tinha desterrado todos os que praticavam
a mediunidade de forma inferior para adivinhações e magia negra (I Samuel
28:3);
4 - Através das faculdades
paranormais da inferior medianeira, o Espirito Samuel diz a Saul que ele e seus
filhos, no dia seguinte, seriam mortos, na peleja contra os filisteus (I Samuel
28:19).
5 - O motivo da condenação de
Saul está bem claro nos versículos 18 e 19. Disse Samuel: “Como não deste
ouvidos a voz do Senhor, e não executaste o que ele no furor de sua ira ordenou
contra Amaleque, por isso o Senhor te fez isto (não receber a mensagem
mediúnica dos médiuns hebreus)... e amanhã tu e teus filhos estarão comigo...”
Para os leitores desatentos ou
que desconheçam estes versículos, o padre parece passar o ensinamento falso, o
de Saul ter sido punido por Deus pelo motivo de ter consultado um “morto”.
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